Brasil, 19 de junho de 2025
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Arte de Rupnik em dúvida: Igreja debate remoção de mosaicos por acusações de abuso

Mosaicos do padre Marko Rupnik, envolvido em denúncias de abuso, dividem opiniões na Igreja sobre manter ou retirar as obras de locais sagrados

A Igreja Católica enfrenta uma polêmica sobre o futuro das obras de arte do padre Marko Rupnik, acusado de abuso sexual e psicológico por várias mulheres. Enquanto alguns defendem a remoção ou censura de seus mosaicos, outros preferem manter as peças como símbolo separado de suas ações. A controvérsia ganhou força após denúncias recentes e decisões de igrejas ao redor do mundo.

Acusado de abuso, Rupnik ainda é considerado pela Igreja

Após denúncias de abuso contra dezenas de mulheres nos anos 1980 e 1990, Rupnik foi excomungado brevemente em 2020 e expulso da ordem jesuíta em 2023, mas permanece como sacerdote. A Igreja ainda avalia seu caso, enquanto enfrenta pressão para decidir sobre a destinação de suas obras.

Reações institucionais variam diante das denúncias

Algumas igrejas, como santuários na Europa e nos Estados Unidos, já cobriram ou removeram mosaicos de Rupnik após críticas públicas. A Diocese de Roma mantém-se em espera, aguardando uma decisão do Vaticano. Em 19 de junho de 2025, o Vatican News apagou imagens de suas obras de seu site, acionando debates internos sobre a postura oficial da Santa Sé. Segundo o jornalista Paolo Ruffini, chefe da comunicação vaticana, a transparência é prioridade, mas a mudança ainda não foi oficialmente explicada.

No site do Vaticano, uma imagem de mosaico de Rupnik na celebração da Assunção de Maria.
No site do Vaticano, uma imagem do mosaico de Rupnik na Assunção de Maria ilustrava um artigo de 15 de agosto. Crédito: Reprodução Vatican News

Estudos e igrejas mantêm mosaicos como símbolo

O Centro Aletti, escola de arte e teologia fundada por Rupnik em 1993, possui mais de 200 obras em diferentes países, especialmente na Itália. A escola defende que as obras representam a fé, não o indivíduo, e que sua remoção é uma tentativa de “cancelamento cultural”.

Entretanto, vítimas e entidades de proteção infantil alertam para o impacto traumático de ver obras assinadas pelo padre nos espaços de culto, especialmente porque ele teria abusado delas enquanto colaboravam na criação artística.

Organizações e líderes religiosos propõem diferentes abordagens

A Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores enviou carta ao Vaticano recomendando cautela na exposição de obras que possam simbolizar ou justificar o abuso. O bispo Luis Manuel Alí Herrera afirmou que a arte pode ser terapêutica, mas o conteúdo e a autoria podem retraumatizar vítimas.

Por outro lado, setores conservadores, como o padre Dino Battison, do Santuário Nossa Senhora da Saúde, defendem a preservação, argumentando que a beleza artística deve ser separada do criminoso.

Mosaico de Rupnik na Basílica de São Pio em San Giovanni Rotondo.
Mosaico de Rupnik na Basílica de São Pio, em San Giovanni Rotondo, considerado um dos locais que mantêm as obras.

Decisões variam pelo mundo e aguardam posicionamento do Vaticano

Na Itália, diversos santuários, incluindo o de Fátima, mantêm mosaicos de Rupnik, enquanto outros cobrem partes de suas obras, como em Lourdes, na França, onde mosaicos foram cobertos temporariamente em 2024. Nos Estados Unidos, a organização Knights of Columbus optou por cobrir os mosaicos no santuário dedicado a João Paulo II, priorizando o acolhimento às vítimas.

No Brasil, o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida possui mosaicos de Rupnik em sua fachada, mas ainda não há anúncio oficial de remoção. Na Europa, igrejas na Espanha, Malta e outros países também discutem o assunto, com opiniões conflitantes entre os líderes religiosos.

Autoridades e igrejas permanecem em expectativa

O Vaticano mantém silêncio sobre possíveis mudanças em relação às obras de Rupnik, incluindo mosaicos no Palácio Apostólico, na Capela Redemptoris Mater e na residência de Roma. A ordem jesuíta, que também possui trabalhos do artista, não planeja ações imediatas, considerando as mosaicos um “problema interno”.

Especialistas e vítimas aguardam com expectativa as decisões finais, que devem refletir um delicado equilíbrio entre justiça, compreensão artística e acolhimento às vítimas do abusador.

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