A Igreja Católica enfrenta uma polêmica sobre o futuro das obras de arte do padre Marko Rupnik, acusado de abuso sexual e psicológico por várias mulheres. Enquanto alguns defendem a remoção ou censura de seus mosaicos, outros preferem manter as peças como símbolo separado de suas ações. A controvérsia ganhou força após denúncias recentes e decisões de igrejas ao redor do mundo.
Acusado de abuso, Rupnik ainda é considerado pela Igreja
Após denúncias de abuso contra dezenas de mulheres nos anos 1980 e 1990, Rupnik foi excomungado brevemente em 2020 e expulso da ordem jesuíta em 2023, mas permanece como sacerdote. A Igreja ainda avalia seu caso, enquanto enfrenta pressão para decidir sobre a destinação de suas obras.
Reações institucionais variam diante das denúncias
Algumas igrejas, como santuários na Europa e nos Estados Unidos, já cobriram ou removeram mosaicos de Rupnik após críticas públicas. A Diocese de Roma mantém-se em espera, aguardando uma decisão do Vaticano. Em 19 de junho de 2025, o Vatican News apagou imagens de suas obras de seu site, acionando debates internos sobre a postura oficial da Santa Sé. Segundo o jornalista Paolo Ruffini, chefe da comunicação vaticana, a transparência é prioridade, mas a mudança ainda não foi oficialmente explicada.

Estudos e igrejas mantêm mosaicos como símbolo
O Centro Aletti, escola de arte e teologia fundada por Rupnik em 1993, possui mais de 200 obras em diferentes países, especialmente na Itália. A escola defende que as obras representam a fé, não o indivíduo, e que sua remoção é uma tentativa de “cancelamento cultural”.
Entretanto, vítimas e entidades de proteção infantil alertam para o impacto traumático de ver obras assinadas pelo padre nos espaços de culto, especialmente porque ele teria abusado delas enquanto colaboravam na criação artística.
Organizações e líderes religiosos propõem diferentes abordagens
A Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores enviou carta ao Vaticano recomendando cautela na exposição de obras que possam simbolizar ou justificar o abuso. O bispo Luis Manuel Alí Herrera afirmou que a arte pode ser terapêutica, mas o conteúdo e a autoria podem retraumatizar vítimas.
Por outro lado, setores conservadores, como o padre Dino Battison, do Santuário Nossa Senhora da Saúde, defendem a preservação, argumentando que a beleza artística deve ser separada do criminoso.

Decisões variam pelo mundo e aguardam posicionamento do Vaticano
Na Itália, diversos santuários, incluindo o de Fátima, mantêm mosaicos de Rupnik, enquanto outros cobrem partes de suas obras, como em Lourdes, na França, onde mosaicos foram cobertos temporariamente em 2024. Nos Estados Unidos, a organização Knights of Columbus optou por cobrir os mosaicos no santuário dedicado a João Paulo II, priorizando o acolhimento às vítimas.
No Brasil, o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida possui mosaicos de Rupnik em sua fachada, mas ainda não há anúncio oficial de remoção. Na Europa, igrejas na Espanha, Malta e outros países também discutem o assunto, com opiniões conflitantes entre os líderes religiosos.
Autoridades e igrejas permanecem em expectativa
O Vaticano mantém silêncio sobre possíveis mudanças em relação às obras de Rupnik, incluindo mosaicos no Palácio Apostólico, na Capela Redemptoris Mater e na residência de Roma. A ordem jesuíta, que também possui trabalhos do artista, não planeja ações imediatas, considerando as mosaicos um “problema interno”.
Especialistas e vítimas aguardam com expectativa as decisões finais, que devem refletir um delicado equilíbrio entre justiça, compreensão artística e acolhimento às vítimas do abusador.