Na esteira de ações em países como Espanha, Portugal e Itália, milhares de pessoas têm saído às ruas na Europa para protestar contra o excesso de turistas que invadem suas cidades. Essas manifestações ocorrem em um momento em que o tema do overtourism ganha cada vez mais atenção, tanto na mídia quanto na sociedade.
O cotidiano dos moradores e os efeitos do turismo excessivo
Em Barcelona, por exemplo, a população de 1,6 milhão de habitantes enfrenta desafios como o aumento abrupto do aluguel. Uma moradora de uma área popular revelou que foi despejada de sua casa, após quase uma década morando ali, possivelmente para dar espaço a novos turistas. Segundo ela, o valor do aluguel subiu 70% desde então. Anualmente, a cidade atrai cerca de 26 milhões de turistas, o que tem causado transtornos significativos.
Um residente comentou à BBC que a cidade está se transformando em um “parque temático” para turistas, com os negócios tradicionais sendo substituídos por mercadorias e experiências feitas para visitantes, ao custo dos moradores originais. “A cidade que pertence às pessoas que vivem aqui desapareceu”, lamenta o indivíduo.
O impacto na economia e na cultura local
De acordo com um comentário no Reddit, o turismo é uma faca de dois gumes. Ele gera uma enorme entrada de dinheiro estrangeiro e sustenta setores econômicos, mas também concentra empregos e recursos em uma única área, dificultando a diversificação econômica. “Ainda que produza milhares de engenheiros por ano, a Espanha luta para estimular uma economia mais industrial e inovadora”, avalia o usuário.
As ações contra o overtourism e seus efeitos
Recentemente, manifestações têm sido populares em várias regiões europeias. Em junho de 2025, por exemplo, milhares de moradores das cidades do sul da Europa participaram de protestos contra a concentração desordenada de turistas em pontos turísticos tradicionais. Muitos afirmam que não são contra o turismo em si, mas contra o modelo atual, que eles consideram insustentável.
Resposta do setor cultural e espaço público
O Museu do Louvre, em Paris, fechou suas portas após uma greve de funcionários que alegavam não conseguir mais controlar as multidões. Com capacidade para 30 mil visitantes simultâneos, o museu recebeu 8,7 milhões de turistas no último ano, sobrecarregando sua infraestrutura. Os funcionários relataram condições extremas de trabalho, incluindo poucos períodos para descanso e aumento da temperatura devido ao efeito estufa do próprio prédio.
Medidas governamentais e perspectivas futuras
Em maio de 2025, o governo francês anunciou a retirada de quase 66 mil anúncios de aluguel no Airbnb, após identificarem violações às regulações turísticas. A medida visa combater a crise de moradia, agravada pelos preços elevados e pela preferência por apartamentos alugados a turistas.
Especialistas ressaltam que o overtourism não é uma questão nova, mas que vem crescendo lentamente ao longo do tempo, exigindo soluções sustentáveis. Entidades e moradores defendem modelos que equilibram o benefício econômico do turismo com a preservação cultural e social das cidades.
O futuro da experiência turística
Para muitos, as atuais ações representam uma tentativa de repensar o modelo de turismo em países europeus. Como alternativa, recomenda-se que os visitantes explorem esses locais por meio de ferramentas virtuais, como o Google Earth, até que se estabeleçam práticas que minimizem os impactos sociais e ambientais.
A discussão sobre o overtourism continuará, buscando um equilíbrio entre o crescimento econômico e a qualidade de vida dos moradores, além de garantir a preservação das cidades como patrimônio cultural e social.