No Piauí, um projeto inovador intitulado Fios da Ancestralidade está promovendo a valorização e autonomia de mulheres negras, especialmente quilombolas e de terreiro. A iniciativa, desenvolvida pela Secretaria de Estado das Mulheres (Sempi) em parceria com o Instituto Ayabás, busca não apenas o impulso do empreendedorismo feminino, mas também a recuperação de saberes tradicionais e fortalecimento da autoestima das participantes.
A importância da capacitação e do apoio
O Fios da Ancestralidade oferece diversas formas de suporte para as mulheres envolvidas. Entre as principais ações estão a capacitação em habilidades empreendedoras, apoio financeiro e a formação de redes de comercialização. Esses elementos são fundamentais para que as participantes possam desenvolver seus negócios, que muitas vezes estão ligados a práticas tradicionais, como a moda afro e os cuidados com cabelos crespos e cacheados.
A coordenadora de Trabalho e Projeção Econômica da Sempi, Karla Viviane, destaca a necessidade de garantir autonomia econômica para essas mulheres. “Quando falamos em investir em mulheres negras, estamos oferecendo meios para que elas se capacitem e conquistem sua independência financeira”, afirma. A fala de Karla ressalta o propósito do projeto, que vai além da simples geração de renda; trata-se de recuperar identidades e impulsionar o protagonismo de um grupo historicamente marginalizado.
Desafios do empreendedorismo feminino
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC/IBGE), o Brasil possui mais de 10 milhões de mulheres empreendedoras, e cerca de 48% são negras. Entretanto, as pesquisas do Sebrae revelam que 61% dessas mulheres começaram a empreender por necessidade, devido à falta de opções no mercado formal. Esta realidade aponta para um cenário de vulnerabilidade, que inclui baixa escolaridade, limitações ao acesso a crédito e à informalidade.
O Fios da Ancestralidade surge como uma resposta a esses desafios, buscando oferecer as ferramentas necessárias para que essas mulheres tenham a oportunidade de transformar suas realidades. A iniciativa se alinha também ao conceito de justiça social e desenvolvimento sustentável, integrando o recorte de raça e gênero em suas ações.
Pilares do projeto
Os pilares do Fios da Ancestralidade são baseados em três valores essenciais: cultura, empoderamento e autonomia. Por meio da valorização da cultura africana e afro-brasileira, o projeto contribui para fortalecer as identidades dessas mulheres. O empoderamento vem através da capacitação, que transforma conhecimento em ações práticas e rentáveis, enquanto a autonomia é o objetivo final: permitir que as participantes sejam protagonistas de suas vidas e negócios.
Um legado de resistência e criatividade
A secretária das Mulheres do Piauí, Zenaide Lustosa, enfatiza a relevância de projetos como o Fios da Ancestralidade para a transformação do cenário local: “Investir no empreendedorismo de mulheres negras é corrigir desigualdades estruturais e reconhecer um legado de resistência e criatividade”. Esta perspectiva destaca a importância de ações concretas que oferecem suporte às mulheres, ao mesmo tempo que incentivam a valorização das diversidades culturais presentes na sociedade brasileira.
Além de todas as possibilidades de geração de renda, o Fios da Ancestralidade representa uma nova esperança para muitas mulheres que buscam mudanças em suas vidas. O projeto cria não apenas condições econômicas, mas também um ambiente que favorece o crescimento pessoal e a autoafirmação.
As repercussões dessa iniciativa podem ser vistas não apenas no âmbito econômico, mas também na construção de uma sociedade mais justa, onde a presença e a contribuição das mulheres negras são reconhecidas e celebradas. O futuro das participantes do Fios da Ancestralidade é, portanto, um reflexo da força e da resiliência que as mulheres negras têm demonstrado ao longo da história.
O projeto, ao fomentar o empreendedorismo e a valorização cultural, reafirma a importância de garantir espaços para que as mulheres possam expressar sua criatividade e sua ancestralidade, contribuindo assim para um Brasil mais diverso e igualitário.
Para mais informações sobre o projeto, acesse: Fios da Ancestralidade.
