Brasil, 18 de junho de 2025
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Presa pela segunda vez, jornalista levanta debate sobre saúde mental

A prisão de Adriana Catarina Ramos de Oliveira reacende discussões sobre como agir diante do preconceito e da saúde mental.

A prisão da jornalista Adriana Catarina Ramos de Oliveira, de 61 anos, acusada de homofobia após hostilizar casais LGBTQIA+ em público, reacendeu um debate importante: como o sistema jurídico e a sociedade devem agir quando o preconceito se manifesta durante surtos de transtornos mentais graves?

Em vídeos que circularam nas redes sociais, Adriana aparece gritando ofensas contra pessoas LGBTQIA+ em locais públicos. Após a repercussão, a polícia foi acionada e efetuou a prisão. O caso gerou comoção e indignação. Um dia após a prisão, a jornalista foi flagrada, no saguão de um prédio, novamente desferindo palavras de baixo calão para outro grupo.

Testemunhas ouvidas pela reportagem confirmaram que o prédio é a residência oficial da jornalista. Na ocasião, ela também agrediu verbalmente supostos vizinhos com ofensas homofóbicas.

Diagnóstico e histórico médico

Dias após os dois episódios, as filhas da jornalista divulgaram um comunicado em que revelam que a mãe é diagnosticada com esquizofrenia e transtorno bipolar – doenças psiquiátricas severas que exigem tratamento constante. Segundo elas, Adriana convive com os transtornos há mais de 20 anos e já passou por diversas internações.

“As crises se manifestam de forma imprevisível. Infelizmente, desta vez, resultou em um episódio público gravíssimo”, afirmam as filhas em nota. A família pediu desculpas às vítimas e declarou não compactuar com qualquer forma de preconceito.

Sobre os transtornos mentais

A esquizofrenia é um transtorno mental grave e crônico, caracterizado por episódios de psicose, nos quais a pessoa pode perder contato com a realidade, manifestando delírios, alucinações e fala desorganizada.

O transtorno bipolar, por sua vez, é uma condição psiquiátrica crônica marcada por oscilações intensas de humor, energia e comportamento. Essas mudanças vão além das variações normais do dia a dia e podem comprometer de forma significativa a vida pessoal, profissional e social do indivíduo.

Saúde mental e responsabilização

Casos como esse exigem uma análise cuidadosa. De acordo com especialistas em psiquiatria forense, o transtorno mental não isenta automaticamente alguém de responder por atos ilícitos, mas pode alterar a forma como o sistema de justiça atua.

“Se for comprovado que a pessoa não tinha plena capacidade de entendimento e autodeterminação no momento dos fatos, o juiz pode determinar internação ou medidas de segurança em vez de pena tradicional”, explica a psiquiatra forense Juliana Nunes.

O caso evidencia também as dificuldades enfrentadas por famílias que convivem com transtornos mentais severos. A interrupção de medicamentos ou a ausência de suporte público contínuo pode levar a episódios de crise com consequências graves.

E agora?

Até o momento, não há definição oficial sobre o destino jurídico de Adriana Ramos. A expectativa é que ela passe por avaliação psiquiátrica para que o Ministério Público e o Judiciário decidam sobre medidas cabíveis — que podem incluir internação, tratamento obrigatório ou responsabilização penal, dependendo do laudo médico. A jornalista passou por audiência de custódia e foi solta. O Tribunal de Justiça de São Paulo impôs medidas cautelares, como a proibição de Adriana de ir ao shopping Iguatemi ou sair de São Paulo sem autorização.

Leia a nota das filhas na íntegra:

Prezados,

Como filhas da Sra. Adriana, gostaríamos de expressar, com profunda tristeza e sinceridade, o quanto estamos abaladas com os acontecimentos recentes. Pedimos desculpas, do fundo do coração, às pessoas que foram atingidas e afetadas pelas ofensas proferidas.

Reforçamos que não compactuamos, de forma alguma, com qualquer ato de agressão ou preconceito. Essas atitudes não refletem aquilo que acreditamos ou praticamos em nossas vidas.

Infelizmente, nossa mãe enfrenta há mais de 20 anos um quadro severo de esquizofrenia e transtorno bipolar, doenças que, por vezes, se manifestam de forma imprevisível e descontrolada, como neste episódio. Ao longo desses anos, já foram inúmeras internações e tratamentos, sempre na busca de oferecer a ela o melhor cuidado possível.

Neste momento, nossa prioridade é garantir a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos. Estamos tomando, de imediato, as providências necessárias junto aos profissionais de saúde para que novos episódios sejam evitados.

Esperamos, sinceramente, que este esclarecimento possa, ao menos em parte, amenizar a dor causada.

A nota foi encaminhada para os veículos de imprensa, com autorização da publicação, de forma que os nomes ou qualquer informação sobre a vida pessoal dos familiares não fossem expostas na reportagem. O Portal iG reitera que respeita a manifestação e mantém o anonimato das filhas de Adriana.

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