A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira mantém o mercado financeiro em clima de expectativa, com divergência entre a manutenção da taxa Selic em 14,75% ou uma nova alta de 0,25 ponto percentual, levando a Selic a 15%. A decisão ocorre em um cenário de forte acréscimo na taxa desde setembro de 2022 e diante de dados econômicos que indicam desaceleração na inflação.
Disputa entre manutenção e alta da taxa Selic no mercado
Especialistas apontam que a maioria dos analistas acredita que o Copom tende a encerrar o ciclo de alta iniciado em setembro, quando foram six aumentos consecutivos, totalizando 4 pontos percentuais. Contudo, há uma parcela que defende uma nova elevação, argumentando que as expectativas de inflação ainda estão acima da meta de 3%, além de o Banco Central (BC) manter uma postura cautelosa, sinalizada em declarações recentes.
Cenário de cautela e sinais de desaceleração
O comunicado de maio do BC destacou a necessidade de “cautela adicional” na condução da política monetária, considerando o estágio avançado do ciclo de aperto monetário e seus efeitos ainda por serem plenamente observados. Segundo dados divulgados, indicadores setoriais mostraram fraqueza e o IPCA, índice oficial de inflação, ficou abaixo do esperado, incluindo grupos de preços mais sensíveis às variações da Selic.
“Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, afirmou o presidente do BC, Gabriel Galípolo, em recente evento.
Expectativas e influência da comunicação do BC
Mesmo com sinais de desaceleração, o mercado entende que o BC permanece atento ao combate à inflação, preservando todas as opções para a decisão. A comunicação oficial dos integrantes do Copom manteve cautela, indicando preferências por manter a flexibilidades futuras, especialmente considerando que as projeções de inflação para o final de 2026 ainda estão longe da meta de 3% — atualmente, a mediana das expectativas do mercado é de 4,50%, segundo o Boletim Focus.
Perspectivas e comentários de analistas
Para Marco Caruso, economista do Santander, o contexto de expectativas desancoradas e atividade econômica ainda resistente sugere que o BC pode optar por elevar a Selic em 0,25 ponto. “A mudança na comunicação do BC parece ter objetivo de manter as opções abertas, não indicando decisão definitiva”, avalia.
Já o economista Cristiano Oliveira, do Banco Pine, defende que a cautela adotada pelo colegiado visa a evitar expectativas de queda de juros em curto prazo. “A inflação vem caindo, mas os efeitos do aumento de juros demoram a se refletir na economia real”, explica.
Impactos e próximos passos
Especialistas também ressaltam que a decisão do Copom será influenciada por fatores externos, como a disputa comercial entre China e EUA, além de cenários internos de alta resiliência econômica e forte geração de empregos, que dificultam o controle da inflação.
Segundo resultados macroeconômicos recentes, a inflação segue sob controle, o que reforça a possibilidade de manutenção da Selic em 14,75%. Contudo, análises do mercado financeiro, incluindo o relatório do BTG Pactual, indicam que uma nova alta para 15% até o fim de 2025 permanece como cenário possível, devido ao persistente nível de atividade econômica e expectativas de preços.
O Banco Central sinalizou que continuará atento ao cenário econômico, analisando dados antes de definir o próximo movimento. Como destacou Galípolo, “estamos ainda discutindo o ciclo de alta, abertos a ajustar nossa atuação conforme a evolução dos indicadores”.
Para mais detalhes sobre a decisão do Banco Central, acesse esta matéria.