Especialistas explicam que, apesar do aumento na busca por ativos alternativos ao dólar, a substituição plena da moeda americana ainda é um objetivo de longo prazo e complexa de ser atingido, de acordo com o economista Livio Ribeiro, sócio da BRCG e pesquisador do FGV Ibre.
Entenda a tentativa de desdolarizar a economia global
Há anos, diversos países, incluindo a China, buscam estratégias para reduzir a dependência do dólar nas suas operações comerciais e financeiras. Segundo Ribeiro, essa mudança é um processo gradual, que envolve a construção de cestas de moedas e o fortalecimento de blocos regionais, mas sem uma data definida para sua conclusão.
Por que o dólar domina as reservas internacionais?
Ribeiro destaca que, apesar de iniciativas de países e blocos, não há atualmente ativos com profundidade, liquidez e conversibilidade suficientes para compreender uma ameaça à hegemonia do dólar, considerado o ativo de maior segurança pelos investidores em tempos de incerteza. “A moeda americana possui uma estrutura sólida, que não é facilmente substituída”, explica.
Pré-exitência do dólar na relação comercial internacional
Apesar de o Remimbi, moeda chinesa, ganhar espaço nos fluxos comerciais asiáticos, e o euro ser dominantes na Europa, o dólar ainda representa a maior parte das transações globais, reforçando seu papel de reserva. Ribeiro lembra que essa hegemonia não foi planejada, mas resultado de fatores históricos e econômicos.
Incertezas e busca por ativos de proteção
Com a atual crise global, há uma mudança na preferência dos agentes econômicos, que procuram outros ativos considerados mais seguros, como ouro, franco-suíço, coroa sueca e o euro. O ouro, em especial, tem registrado aumento na demanda como proteção contra a perda de valor dos ativos americanos, explica Ribeiro.
O impacto das taxas de juros na estabilidade da moeda
Segundo o especialista, a manutenção da taxa de juros elevada, como a Selic no Brasil, não é suficiente para controlar a inflação. “Com o aumento da incerteza, os países evitam manter reservas em ativos que podem perder valor, optando por diversificar suas reservas”, afirma Ribeiro.
O futuro da desdolarização e seus obstáculos
Ribeiro alerta que não há um ativo que possa substituir facilmente o dólar na globalidade, devido à sua liquidez e à ampla aceitação internacional. A tendência é que as moedas de blocos regionais ganhem espaço, reduzindo lentamente a dependência dos Estados Unidos, mas não eliminando totalmente o domínio do dólar.
Ele explica que esse processo demanda tempo, pois se trata de uma mudança estrutural que envolverá uma combinação de ativos diversificados, sem que isso signifique uma ameaça imediata à liderança do dólar no cenário mundial.
Para mais detalhes sobre a discussão global sobre desdolarização, acesse o artigo completo no Globo.