O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (7/5) renovar o ciclo de altas da taxa Selic, elevando-a de 14,75% para 15% ao ano. A decisão, unânime, marca a sétima alta consecutiva desde o início do ciclo de aperto monetário em setembro de 2024, e coloca a taxa no seu maior patamar desde maio de 2006.
Impulsos do aumento da Selic na economia brasileira
Para o Copom, a nova elevação é compatível com a estratégia de convergência da inflação para a meta ao longo do horizonte de política monetária, sem prejuízo do objetivo de estabilidade de preços. Segundo o comunicado oficial, a decisão também busca suavizar as oscilações econômicas e fomentar o pleno emprego.
O ciclo de aumento começou em setembro de 2024, quando o banco elevou a taxa de 10,50% ao ano para 10,75%, interrompendo uma trajetória de cortes iniciada em anos anteriores. Desde então, o Banco Central vem ajustando a Selic de maneira contínua, com ações que visam reduzir a inflação, que atualmente acumula 5,32% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Repercussões do atual cenário de juros
Com o aumento de 0,25 ponto percentual, a taxa de juros está próxima do nível vigente em 2006, quando chegou a 15,25%, ao final do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Naquele período, a economia apresentava bom desempenho, diferentemente do cenário atual, marcado por pressões inflacionárias e perspectivas de crescimento desacelerado.
Apesar de o mercado financeiro estar dividido sobre a condução da política monetária do BC, a maioria projeta que a taxa Selic deverá permanecer elevada até o final do ano. A próxima reunião do Copom está agendada para os dias 29 e 30 de julho.
Entenda a situação atual dos juros no Brasil
- A taxa Selic é o principal instrumento de controle da inflação.
- Ao elevar os juros, a expectativa é de redução do consumo e dos investimentos, desacelerando a economia.
- Com juros mais altos, o crédito se torna mais caro, o que tende a diminuir a atividade econômica e pressionar para baixo os preços, especialmente dos alimentos, um dos principais focos do governo.
- Projeções recentes indicam que o mercado não acredita que a Selic volte a ficar abaixo de dois dígitos durante o governo Lula (PT) ou no mandato atual de Gabriel Galípolo à frente do BC.
Desafios atuais do Banco Central
Embora a taxa de juros esteja elevada, a inflação mantém-se bastante pressionada. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice inflacionário desacelerou nos últimos três meses, mas ainda acumula alta de 5,32% no ano, acima do teto da meta de 4,5%.
A meta de inflação do Brasil é contínua, ou seja, acompanha o índice mês a mês. Caso o índice acumule mais de 4,5% durante 12 meses consecutivos, o BC deve justificar às autoridades fiscais a situação, reforçando o esforço de controle monetário para manter a estabilidade dos preços.
Expectativas do mercado para futuras novas altas
De acordo com o relatório Focus, analistas preveem que a taxa Selic deverá fechar 2025 em 14,75%. Para os anos seguintes, a expectativa é de redução gradual, chegando a 12,50% em 2026, 10,50% em 2027 e 10% em 2028.
Essa projeção reforça a percepção de que não há expectativa de queda rápida dos juros para patamar de um dígito antes do encerramento do mandato do presidente Lula ou do término do mandato de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central.
Perspectivas futuras
Com a continuidade do ciclo de altas, o Banco Central busca equilibrar o combate à inflação com a necessidade de evitar uma desaceleração mais severa da economia. A decisão desta quarta-feira reflete a cautela e o esforço para manter o controle inflacionário, mesmo diante dos desafios atuais e das expectativas do mercado.