Na esteira de uma guinada esportiva irrigada por milhões de dólares aportados pela Arábia Saudita na liga de futebol local, o Al Hilal estreia nesta quarta-feira na Copa do Mundo de Clubes contra um dos principais concorrentes ao título, o Real Madrid. O ex-time de Neymar chega ao torneio em solo americano sem megacontratações para o elenco, depois de torrar US$ 470 milhões (quase R$ 3 bilhões) em contratações desde 2023, em especial a do atacante da seleção brasileira — cujo desempenho esportivo, afetado por sucessivas lesões, frustrou expectativas.
Novidades no comando técnico
A principal novidade da equipe é o treinador: vice-campeão da Liga dos Campeões pela Inter de Milão, Simone Inzaghi chega para substituir Jorge Jesus na lateral de campo. O italiano será o segundo mais bem pago mundo entre os técnicos, com salário estimado em US$ 29 milhões anuais. Entretanto, a equipe enfrentou críticas pela falta de novas aquisições no elenco, principalmente após especulações em torno de nomes de peso como Cristiano Ronaldo, Bruno Fernandes e Vinícius Júnior, mas não houve acertos na janela extra aberta para a Copa de Clubes.
Desafios financeiros e contratações frustradas
Alguns analistas levantaram a hipótese de que a fonte de recursos da Arábia Saudita poderia estar “secando”. O CEO do Al Hilal, Esteve Calzada, destacou ao jornal Marca que os altos valores exigidos por jogadores têm dificultado as negociações. Segundo ele, a gestão da equipe preferiu manter as contas sustentáveis ao invés de ceder às exigências financeiras exorbitantes.
A realidade do mercado de transferências
Calzada comentou sobre a situação envolvendo os contratos de jogadores, afirmando que “o alto valor pago a jogadores na Arábia Saudita era uma realidade há algum tempo e agora está virando um mito”. Ele explicou que, mesmo sabendo que os jogadores podem ganhar mais na Arábia do que na Europa, o Al Hilal não dispõe de recursos ilimitados como muitos pensam. “Realmente, o que um jogador pode ganhar na Arábia Saudita sempre será muito maior do que ele pode ganhar na Europa, mas é óbvio que não temos recursos ilimitados nem imprimimos dinheiro,” ressalta.
Além disso, Calzada afirmou que o clube perdeu “oportunidades” por jogadores acreditarem que o dinheiro seria “inesgotável”, preferindo a gestão fiscal responsável. “Alguns enlouqueceram pelos valores que estão pedindo. Acham que podemos pagar qualquer valor,” completou.
O investimento em Neymar e a performance da equipe
Entre as contratações desde 2023, Neymar lidera o ranking das mais custosas. O jogador, atualmente no Santos, fez apenas sete jogos e marcou um gol com a camisa do Al Hilal. Ao lado de Neymar, outros três brasileiros aparecem no top 10 das negociações mais caras do time saudita. Veja a lista:
- Neymar: 90 milhões de euros (hoje no Santos)
- Malcom: 60 milhões de euros
- Rúben Neves: 55 milhões de euros
- Aleksandar Mitrovic: 52 milhões de euros
- Marcos Leonardo: 40 milhões de euros
- Milinkovic-Savic: 40 milhões de euros
- Moteb Al-Harbi: 29 milhões de euros
- João Cancelo: 25 milhões de euros
- Renan Lodi: 23 milhões de euros
- Kalidou Koulibaly: 23 milhões de euros
Ainda que o Al Hilal tenha feito um investimento substancial em contratações, a performance dos jogadores e a gestão responsável do clube chamam atenção em um momento onde a competição por talentos é feroz. A expectativa agora é que a equipe consiga mostrar seu valor na Copa do Mundo de Clubes e que a ausência de novas contratações não seja um fator limitante na busca pelo título.
Enquanto o Al Hilal se prepara para enfrentar o Real Madrid, a estreia promete ser uma vitrine para a equipe saudita, que junto à sua torcida, espera selar uma performance que revitalize suas aspirações no torneio e na liga local.