Na contagem regressiva para a Copa do Mundo de Clubes, a rivalidade entre Botafogo e Paris Saint-Germain (PSG) ganha contornos inesperados, não apenas dentro das quatro linhas, mas também nas movimentações extracampo. O embate entre os dirigentes John Textor, proprietário da SAF do Botafogo e do Olympique Lyonnais, e Nasser Al-Khelaifi, presidente do PSG, tem chamado atenção pela troca de farpas e disputas sobre direitos de transmissão da Ligue 1.
A origem da rivalidade
A briga entre Textor e Al-Khelaifi começou a ganhar notoriedade no ano passado, quando ambos os dirigentes estiveram envolvidos em discussões acirradas sobre os direitos de transmissão do futebol francês. John Textor, que busca consolidar sua influência no cenário do futebol europeu, tem se mostrado bastante ativo em suas críticas ao modelo de negócios imposto por Al-Khelaifi, que, por sua vez, é dono do BeIN Media Group, detentor dos direitos de transmissão junto à DAZN.
Os números que geram conflito
No ano passado, os contratos assinado por BeIN e DAZN resultaram em um montante de 700 milhões de euros, que ficou abaixo do esperado, uma vez que a Ligue 1 tinha como meta arrecadar 1,1 bilhão de euros. Essa disparidade gerou descontentamento entre os clubes, sendo Textor um dos principais vozes a manifestar desapontamento com a gestão do quesito. Para ele, a venda abaixo do esperado representa um prejuízo para a imagem e a viabilidade econômica da liga.
A troca de acusações
A tensão entre os dois dirigentes se intensificou ainda mais quando, em uma reunião com outros presidentes de clubes franceses, um áudio revelado pelo jornal L’Équipe mostrou Textor chamando Al-Khelaifi de “tirano”. A resposta do presidente do PSG não foi nada amigável, sendo registrado que ele respondeu: “John, cala a boca, você não entende nada. Você é um caubói que veio não sei de onde e vem falar conosco”. O desdém pelo estilo e pela origem de Textor se tornou um assunto nas redes sociais e entre os fãs de futebol.
Provocações públicas e desentendimentos
Antes mesmo da repercussão do áudio, Textor já havia feito provocações a Al-Khelaifi, postando nas redes sociais uma montagem em que ele aparece segurando a taça da Libertadores, acompanhada de uma mensagem de WhatsApp que critiquava o presidente do PSG. O clima de rivalidade aumentou quando, mais tarde, Textor se negou a negociar dois jogadores promissores do Lyon com o PSG, afirmando não querer vender jogadores de qualidade ao rival qatari.
Um ato simbólico na rivalidade
Recentemente, em um jogo, Textor apareceu com um chapéu de caubói, um ato que foi interpretado como uma provocação direta a Al-Khelaifi. Essa performance se deu antes de um duelo crucial entre PSG e Lyon, aumentando a tensão e criando um ambiente onde a rivalidade era palpável não apenas nas arquibancadas, mas também nas intenções dos dirigentes.
A visão de um especialista
De acordo com Gianluca Pesapane, especialista em marketing esportivo, a postura de Textor de querer liderar as negociações sobre a transmissão da Ligue 1 revela um choque cultural. Pesapane explica que, desde sua chegada, Textor tem adotado um perfil de executivo americano que subestima a competência dos dirigentes franceses, buscando reformular não apenas a maneira como o futebol é gerido, mas também as parcerias comerciais ligadas a ele.
Um chamado à união?
Apesar das enemidades, em maio deste ano, houve um momento de reconciliação temporária. Após um convite de Al-Khelaifi, Textor compareceu à semifinal da Liga dos Campeões no camarote do PSG, um gesto que sugere a possibilidade de uma trégua. “Em momentos como este, trabalharemos juntos. Então, deixei o chapéu de caubói em Lyon. Esta noite, eu torço pela França”, publicou Textor.
A rivalidade entre Botafogo e PSG transcende as fronteiras de campo e revela um capítulo intrigante na gestão esportiva e nas relações entre clubes. À medida que a Copa do Mundo de Clubes se aproxima, será interessante ver como a dinâmica entre esses dois gigantes do futebol se desdobrará. Qualquer que seja a decisão tomada entre Textor e Al-Khelaifi, fica claro que o jogo vai muito além de apenas os 90 minutos, envolvendo interesses comerciais, disputas pessoais e, claro, a paixão pelo futebol.