No dia 17 de junho, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, autorizou a acareação entre o tenente-coronel Mauro Cid e o general Braga Netto. Ambos são réus na Ação Penal 2.668, que investiga uma suposta trama para um golpe de Estado que ocorreu entre 2022 e 2023. A solicitação de acareação partiu da defesa de Braga Netto e foi antecipada pelo portal Metrópoles, na coluna da jornalista Andreza Matais.
O pedido de acareação e as alegações de Mauro Cid
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, apresentou uma delação onde afirma ter participado de uma reunião com Braga Netto na qual discorreram sobre o plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”. Em sua declaração, Cid também mencionou que o general teria lhe dado dinheiro para que fosse entregue ao major De Oliveira, com o intuito de financiar as operações desse plano. Essa delação gerou uma resposta direta da defesa de Braga Netto.
A defesa de Braga Netto se opôs às acusações e argumenta que Cid, por ser o delator, não conseguiu apresentar provas que sustentem suas afirmações contra o general. “Sem a acareação, restaria a esta defesa a produção de provas negativas, algo tão inadmissível quanto impor ao requerente o ônus de fazer prova sobre as acusações feitas contra si”, declarou o advogado José Luis Oliveira Lima.
Prisão de Braga Netto e o contexto da acusação
Braga Netto se encontra preso desde dezembro, em decorrência de uma decisão do Supremo Tribunal. Ele é acusado de ser um dos arquitetos de um plano de golpe de Estado após a eleição presidencial de 2022, que visava assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio ministro Alexandre de Moraes. As acusações foram formuladas com base em investigações que buscam esclarecer as intenções e ações dos envolvidos na suposta trama golpista.
Acareação entre Anderson Torres e Marco Antônio Freire Gomes
Além disso, Alexandre de Moraes também autorizou uma acareação envolvendo o ex-ministro da Defesa Anderson Torres e o ex-comandante do Exército durante o governo Bolsonaro, o general Marco Antônio Freire Gomes. Esta nova acareação foi solicitada pela defesa de Torres, que alegou a necessidade de esclarecer contradições apresentadas por Freire Gomes durante seu depoimento ao STF.
A defesa argumentou que as declarações do ex-comandante estavam “recheadas de contradições” e que era imprescindível que ambos os envolvidos se encontrassem para que pudessem abordar os pontos divergentes em suas versões. “As declarações prestadas pela testemunha, talvez até pelo cansaço (foram 11 horas de depoimento), e pelo acusado divergem frontalmente em ponto nevrálgico do processo”, ressaltou a defesa.
Implicações e desdobramentos do caso
Essas acareações são crucial para o desenrolar do processo, pois possibilitarão uma confrontação direta entre as partes envolvidas, podendo levar a novas evidências ou à reafirmação dos depoimentos já apresentados. O cenário político brasileiro, já marcado por tensões e divisões, se vê agora em uma fase crítica, onde a justiça busca esclarecer uma das mais complexas acusações de tentativa de golpe nos últimos anos.
Os desdobramentos deste caso têm o potencial de impactar não apenas o futuro dos envolvidos, mas também a confiança da população nas instituições democráticas do país. O que se observa é uma luta não só judicial, mas também uma batalha pela verdade em um contexto político cada vez mais polarizado.
Com o desenrolar das acareações e depoimentos, o Brasil aguarda ansiosamente por novas revelações que possam surgir e por decisões que refletirão na integridade do estado democrático.