O superávit acumulado pela balança comercial brasileira entre janeiro e maio de 2025 atingiu R$ 24,4 bilhões, uma queda de R$ 10,8 bilhões em relação ao mesmo período de 2024, que somou R$ 35,2 bilhões. Essa redução foi impulsionada principalmente pela diminuição do saldo comercial com a China, que passou de US$ 18,6 bilhões para US$ 8,3 bilhões, e pelo aumento do déficit com os Estados Unidos, que saltou de US$ 226 milhões para US$ 1,04 bilhões.
Queda no saldo comercial com a China e os EUA afeta resultado
Segundo a economista Lia Valls, responsável pelo Indicador de Comércio Exterior (Icomex) do FGV Ibre, a redução do superávit não se deve exclusivamente à guerra tarifária iniciada por Donald Trump, embora ela contribua para o cenário de incerteza na economia global. “O impacto da guerra tarifária não foi o fator decisivo”, afirmou Lia.
Exportações de soja e valorização do real
Em relação à China, o que afetou a balança brasileira foram os atrasos nas exportações de soja. Ainda assim, o impacto específico sobre as exportações brasileiras permanece pouco claro. As exportações do Brasil têm registrado queda, exceto para a Argentina, que apresentou aumento de 55,4% no volume exportado até maio, em relação ao ano passado. A valorização do real também não ajudou a melhorar o resultado da balança, explica a especialista.
Cenário de incerteza no comércio mundial e relação com os EUA
O panorama internacional permanece incerto, mesmo após o acordo entre China e Estados Unidos, agravado pelo conflito entre Irã e Israel. No Brasil, as exportações de produtos siderúrgicos para os Estados Unidos não apresentaram queda até o momento, mesmo com a possibilidade de revisão das tarifas protecionistas que elevam os custos em 50% em relação a outros parceiros comerciais.
Lia Valls destacou que os dados de maio ainda não refletem as tarifas elevadas, mas que os exportadores brasileiros podem estar negociando para reduzir margens de lucro ou dividir o ônus dessas tarifas com os importadores. Ela aponta que, em volume, as exportações de semimanufaturados de ferro e aço cresceram 32% em maio e 5,6% em valores, com aumento de 7,3% no acumulado do ano até maio.
Impactos das tarifas e câmbio
A especialista avalia que a incerteza sobre um possível acordo para redução de tarifas depende de uma revisão da postura protecionista brasileira. Além disso, a queda do dólar beneficiou a economia brasileira, mas ela mesma é parte de uma crise global, o que limita os benefícios para o mercado interno.
O aumento de 55,4% no volume exportado para a Argentina até maio também contribuiu para a melhora no saldo da balança comercial, que deixou de ser deficitária para um superávit de US$ 2,4 bilhões. Esses resultados são atribuídos ao crescimento das vendas do setor automotivo, cujo valor das exportações aumentou 169% nesse período, segundo a economista.
Perspectivas para o comércio externo no Brasil
Apesar das tensões comerciais globais e das incertezas geopolíticas, os dados indicam que as exportações brasileiras de produtos essenciais, como siderurgia para os EUA, continuam firmes. O cenário econômico exige atenção às negociações tarifárias e à influência do câmbio para entender os movimentos do saldo comercial brasileiro nos próximos meses.
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