Após cinco semanas de queda consecutiva, os preços do etanol hidratado e anidro no mercado spot de São Paulo mostraram sinais de estabilização em meio a fatores climáticos e oscilações globais, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Reconhecimento de freios na queda dos preços do etanol
Nos dias 9 a 13 de junho de 2025, o valor do etanol hidratado fechou em R$ 2,50 por litro, uma ligeira alta de 0,35% frente ao período anterior, enquanto o anidro alcançou R$ 2,90, indicando uma retomada na firmeza dos preços. A mudança foi influenciada por chuvas que dificultaram a moagem na região e pelo aumento da demanda devido à valorização do petróleo no mercado internacional, além do aquecimento no consumo próximo ao feriado da semana.
Fatores que frearam a queda dos preços
Segundo pesquisa do Cepea, o movimento de recuo no valor do biocombustível perdeu força devido ao maior posicionamento dos vendedores, que passaram a solicitar preços mais elevados. As chuvas intensas em áreas produtoras retardaram as atividades agrícolas e reduziram o volume de etanol disponível no mercado spot.
Além disso, a valorização do petróleo no cenário externo e a proximidade do feriado contribuíram para sustentar os preços do etanol. Durante a primeira quinzena de junho, o indicador do hidratado permaneceu em R$ 2,50, enquanto o anidro mostrou estabilidade em R$ 2,90, consolidando uma tendência de equilíbrio após o período de baixa.
Movimentos de preços no final de maio
O levantamento aponta que, na última semana de maio, o preço do hidratado registrou uma forte queda de 2,83%, situando-se em R$ 2,61 por litro, enquanto o anidro recuou 1,62%, chegando a R$ 3,06. Os ajustes ocorreram após o aumento na oferta de etanol no início do mês, impulsionado por atividades industriais afetadas pelas chuvas pontuais em São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul.
Impacto do clima e produção futura
Segundo especialistas, o clima seco de agosto, aliado às queimadas em áreas de cana-de-açúcar, prejudicou a quantidade e a qualidade da safra 2025/26, com possíveis perdas de produtividade na cultura. O professor Fábio Marin, da Esalq, enfatiza que o volume de chuvas registrado no final de 2024, especialmente em dezembro, favoreceu o crescimento das lavouras, mas o clima atual gera preocupação quanto ao desenvolvimento da próxima safra.
Cenário do açúcar cristal e setor agrícola
Os preços do açúcar cristal seguem em queda, influenciados principalmente pela desvalorização externa e por uma oferta de qualidade restrita. O Indicador Cepea/Esalq para o cristal com Icumsa entre 130 e 180 atingiu cerca de R$ 120 por saca de 50 quilos, um valor abaixo do registrado desde outubro de 2022. No começo de 2025, a demanda por biocombustíveis apresentou alta, impulsionada pelo ritmo de vendas durante as festas de fim de ano, o que ajudou a reverter parte da tendência de baixa.
Perspectivas para o setor no segundo semestre
De acordo com análises do Cepea, o setor sucroenergético poderá recuperar parte do fôlego com a procura interna e externa, chegando a uma projeção de R$ 598 bilhões no terceiro trimestre de 2025, representando cerca de 23% do PIB do agronegócio nacional. A continuidade das chuvas e a recuperação da safra de cana-de-açúcar serão fatores determinantes para o desempenho do setor agrícola na segunda metade do ano.
Para especialistas, o clima favorável até agora promete ajudar na recuperação da produção e na estabilidade dos preços, mas é necessário monitorar de perto as condições ambientais e o comportamento do mercado internacional para evitar novos efeitos de volatilidade.
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