A Petrobras assinou nesta segunda-feira (5) os três primeiros contratos para dar continuidade às obras da refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, que estavam paralisadas desde as investigações da Operação Lava-Jato. Os novos acordos, no valor de R$ 4,9 bilhões, visam a conclusão de unidades essenciais da planta.
Contratos e etapas da retomada da refinaria Abreu e Lima
Os contratos foram firmados com a Consag Engenharia, do grupo Andrade Gutierrez, um dos investigados na Lava-Jato. As obras envolvem a implementação da Unidade de Coqueamento Retardado (UCR), da Unidade de Hidrotratamento de Diesel S10 (UHDT-D) e da Unidade de Destilação Atmosférica (UDA). Segundo a Petrobras, a assinatura dos contratos passou por aprovação das instâncias de governança da companhia, garantindo a conformidade dos processos.
“A decisão foi submetida à aprovação pelas instâncias competentes, em conformidade com os procedimentos de governança da companhia”, afirmou a Petrobras em nota oficial. A conclusão dessas unidades deve ampliar significativamente a capacidade da refinaria.
Previsão de retomada e impacto na produção de petróleo
A previsão é que as unidades entrem em operação até 2029, o que possibilitará a duplicação da capacidade instalada, passando de 130 mil para 260 mil barris por dia. Com esse aumento, a refinaria Abreu e Lima se tornará a segunda maior da Petrobras em processamento de petróleo, fortalecendo a presença da estatal no mercado nacional.
O projeto também faz parte do Plano de Negócios 2025-2029, que prevê uma série de pacotes de expansão e melhorias nas operações, atualmente em processo de licitação. Como parte do cronograma, outros serviços complementares serão executados ao longo dos próximos anos para assegurar a plena retomada do complexo.
Histórico do projeto e desconfiança
A refinaria foi originalmente projeto na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com participação da estatal venezuelana PDVSA, que posteriormente desistiu do envolvimento no projeto. Desde sua concepção, o empreendimento foi marcado por altos custos: de US$ 2,3 bilhões no seu orçamento inicial em 2005, o valor subiu para quase US$ 20 bilhões até 2014, quando a primeira unidade entrou em operação.
Na administração de Jair Bolsonaro, a Petrobras tentou vender a refinaria junto com outras sete unidades, mas não houve interessados. A paralisação por conta das investigações da Lava-Jato gerou anos de incerteza, dificultando avanços e investimentos significativos na unidade.
Perspectivas futuras e desafios
A retomada das obras na refinaria Abreu e Lima representa um importante passo para a recuperação do setor de refino brasileiro, permitindo ampliar a soberania energética do país. A conclusão das unidades deve gerar uma produção mais sustentável e eficiente, contribuindo para o abastecimento interno e a redução de custos operacionais.
Especialistas avaliam positivamente a retomada, mas ressaltam a necessidade de continuidade dos processos de auditoria e governança para evitar novos atrasos ou questionamentos futuros.