Na manhã desta terça-feira (17), o Brasil se despediu de Cícero Sandroni, jornalista e escritor de destaque, que faleceu aos 90 anos em sua residência no Cosme Velho, Zona Sul do Rio de Janeiro. O comunicado oficial da Academia Brasileira de Letras (ABL) destacou que seu falecimento foi causado por choque séptico decorrente de uma infecção urinária. O corpo de Sandroni será velado na ABL nesta quarta-feira (18), onde amigos e admiradores poderão prestar suas últimas homenagens.
Uma trajetória marcada por contribuições significativas
Cícero Sandroni era um membro estimado da ABL, ocupando a cadeira de número 6 da entidade. Sua trajetória profissional começou em 1954, na ‘Tribuna da Imprensa’, onde rapidamente mostrou seu talento e dedicação ao jornalismo. Ao longo de sua carreira, passou por importantes veículos, como ‘Correio da Manhã’, ‘Jornal do Brasil’ e ‘O Globo’, onde se destacou principalmente nas coberturas de política internacional. Um dos momentos emblemáticos da sua carreira foi a cobertura da histórica visita de Nikita Kruschev à ONU.
Presidência da ABL e projetos literários
Em 13 de dezembro de 2007, Cícero Sandroni foi eleito presidente da ABL por unanimidade, liderando a instituição até 2009. Durante seu mandato, ele se empenhou na promoção da literatura brasileira e na defesa dos direitos dos escritores. Além de sua atuação na ABL, Sandroni também fundou, junto com amigos, a Edinova, uma editora pioneira na literatura latino-americana, e a revista de contos ‘Ficção’. Com uma visão avançada para a época, ele lançou a revista retratando a diversidade literária e publicando mais de 500 autores brasileiros.
Em 1976, Cícero assumiu um papel relevante na luta contra a censura no Brasil, coordenando um manifesto assinado por mais de mil intelectuais que resultou na liberdade de circulação de livros, interrompendo a censura que havia priorizado a proibição de mais de 400 títulos. Essa ação foi crucial para a liberdade de expressão e para o fortalecimento da literatura no país.
Legado e reconhecimento
A vida de Cícero Sandroni não se limitou apenas ao jornalismo; ele também deixou sua marca na cultura e na educação, fundando o mensário literário RioArtes e assumindo a direção do Departamento de Ação Cultural da Prefeitura do Rio de Janeiro. Sandroni foi um intelectual completo, colaborando com diversas publicações, como ‘Elle’, e contribuindo para o desenvolvimento do cenário literário e cultural do Brasil.
Em 1995, ele assumiu a editoria de cultura e opinião do ‘Jornal do Commercio’, onde continuou sua missão de promover a cultura. Cícero não apenas atuou como profissional da área, mas também participou de júris de prêmios jornalísticos, como o Prêmio Esso, refletindo seu compromisso com a qualidade e a ética na informação.
Com sua morte, o Brasil perde um dos seus grandes intelectuais, mas seu legado na literatura e no jornalismo permanecerá vivo para as futuras gerações. Cícero Sandroni deixa três filhos: Carlos, Clara, Eduardo, e um neto, Pedro, além da esposa Laura Constância de Athayde Sandroni.
A comunidade literária e jornalística do Brasil lamenta essa grande perda, unindo-se em homenagem à vida e à obra de Cícero Sandroni, uma figura emblemática da cultura brasileira.