Durante o evento de entrega do prêmio “Executivo de Valor” nesta segunda-feira (17), 25 líderes de diferentes setores do Brasil apontaram os juros elevados como o maior desafio para a performance de suas empresas. Além disso, inflação, câmbio, ambiente político instável e insegurança jurídica também estão entre as principais preocupações que afetam o planejamento estratégico e o crescimento dos negócios no país.
Pesquisa revela os principais obstáculos enfrentados pelos executivos brasileiros
Segundo informações do evento, o cenário de juros altos compromete o acesso ao crédito e dificulta investimentos de longo prazo. “Nosso cenário econômico precisa de um ambiente mais favorável para que possamos avançar”, afirmou Rafael Vasto, CEO da startup de supermercados on-line Daki, destacando a insegurança jurídica e a inflação como fatores que dificultam a tomada de decisão empresarial.
O diretor-geral da Editora Globo e Sistema Globo de Rádio, Frederic Kachar, ressaltou a importância da diversificação de lideranças, observando que 13 dos 25 premiados estão conquistando o reconhecimento pela primeira vez. “Precisamos trabalhar na pauta de diversificação e no desenvolvimento de lideranças estruturadas, especialmente na composição de gênero e representação de diferentes grupos”, afirmou.
Condições econômicas e políticas afetam o ambiente de negócios
O cenário econômico apresenta sinais de melhora, com dados recentes do Banco Central indicando crescimento de 0,2% da economia brasileira em abril, enquanto o mercado mantém a previsão de uma Selic em 14,75% na semana do Copom. Ainda assim, a alta das taxas de juros continua sendo um risco para investimentos e consumo, sobretudo na construção civil, varejo e setor de serviços.
O CEO do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, enfatizou que a solução para a redução do juro básico passa por avanços na sustentabilidade fiscal do país. “Ao equilibrarmos as contas públicas, atrairemos mais investimentos, tanto externos quanto internos”, afirmou. A preocupação também foi reforçada por Daniel Slaviero, CEO da Copel, que acredita numa possível estabilização dos juros ao redor do pico atual e uma melhora na perspectiva fiscal no médio prazo.
Impactos da alta de juros na cadeia produtiva e no consumo
Executivos como Belmiro Gomes, presidente do Assaí, alertam que a pressão sobre as dívidas corporativas e o impacto no consumidor final representam riscos adicionais à recuperação econômica. “O custo do capital influenciará diretamente a capacidade de investimento e o poder de compra das famílias”, avaliou Gomes, lembrando ainda que o Brasil ocupa a 58ª posição no ranking global de competitividade, embora tenha melhorado quatro posições neste levantamento.
Outros desafios: insegurança jurídica, câmbio e conflitos políticos
Além das questões fiscais, a insegurança jurídica é apontada como uma das maiores dificuldades para a estabilidade do ambiente de negócios. “Mudanças regulatórias constantes e embates ideológicos dificultam a implementação de uma agenda econômica consistente”, afirmou Rafael Vasto. Christian Gebara, CEO da Telefônica Vivo, destacou a fragilidade do real frente ao dólar, que impacta os preços de produtos e serviços no mercado brasileiro.
Os principais nomes do setor também alertaram para o impacto das altas taxas de juros na capacidade de financiamento de setores como mobilidade urbana, que depende de crédito acessível para expansão e renovação de frotas. Bruno Lasansky, CEO da Localiza, reforçou a necessidade de foco na eficiência operacional e na geração de retorno para enfrentar o cenário adverso.
Perspectivas futuras e oportunidades
Apesar do cenário desafiador, líderes como Eduardo del Giglio, CEO da Caju, enxergam oportunidades de crescer mesmo com juros altos, dependendo de melhorias fiscais e de um ambiente econômico mais estável. “Precisamos aproveitar as janelas de oportunidade”, afirmou. Já Ricardor Ribeiro Valadares Gontijo, CEO da Direcional, alerta que o alto custo do capital dificultará projetos de construção e habitação, impactando o setor imobiliário e o acesso à casa própria.
Para a analista Raquel Reis, a estabilidade política e uma agenda clara são essenciais para que o Brasil consiga atrair investimentos e avançar na competitividade global. “A insegurança jurídica impede que políticos e empresários tenham uma visão de longo prazo”, completou. Com o cenário interno e externo ainda desafiador, os líderes reforçam a necessidade de reformas estruturais, sobretudo na área fiscal e regulatória, para garantir maior estabilidade econômica.
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