Brasil, 17 de junho de 2025
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Igrejas ortodoxas entram com ação contra lei que viola sigilo da confissão na Washington

Grupos ortodoxos se unem aos bispos católicos na contestação de lei que exige quebra do sigilo religioso sob pena de prisão e multa

Um conjunto de igrejas ortodoxas nos Estados Unidos juntou-se aos bispos católicos de Washington para impetrar ação judicial contra uma lei estadual que obriga sacerdotes a denunciarem abusos descobertos na confissão, sob pena de prisão e multa.

Igrejas ortodoxas questionam lei que viola sigilo do confessionário na Washington

Nesta segunda-feira (17), a Igreja Ortodoxa na América, a Arquidiocese Antioquiana da América do Norte e diversas outras jurisdições ortodoxas processaram dezenas de funcionários públicos ao alegar que a legislação viola a liberdade religiosa garantida pela Constituição norte-americana. O documento argumenta que a lei, assinada pelo governador Bob Ferguson em 2 de maio, entra em vigor em 27 de julho e inclui os padres ortodoxos na lista de profissionais obrigados a denunciar abusos infantis, eliminando a proteção do sigilo confessional.

Se os padres forem negligentes e não denunciarem abusos revelados na confissão, podem ser condenados a até 364 dias de prisão e pagar uma multa de US$ 5 mil. Os líderes religiosos enfatizam que a obrigação religiosa de manter sigilo é uma exigência do direito canônico e uma obrigação sagrada, cuja violação constitui crime e pecado grave.

Defesa do segredo confessional e prioridade na proteção infantil

Na ação apresentada na Justiça federal, os bispos ressaltam o compromisso com a proteção de crianças e defendem o caráter sagrado do secreto da confissão. Segundo o documento, violar essa obrigação religiosa é uma crime canônico com consequências severas para o sacerdote, incluindo a remoção do ministério.

As lideranças ortodoxas destacam que a legislação estadual “excede em muito” as obrigações de relato de abuso infantil, pois elimina a proteção do privilégio religioso ao colocar os padres na mesma lista de obrigados a denunciar, sem exceções, o que, na avaliação, viola os direitos constitucionais de liberdade religiosa e de privacidade religiosa.

Demandas legais e repercussões

Os religiosos solicitam que o tribunal declare a lei inconstitucional, protegendo o direito ao sigilo do confessor. A ação também requer que o Estado seja impedido de aplicar a norma que viola o direito à liberdade religiosa, garantido pelas Primeira e Décima Quarta Emendas da Constituição dos Estados Unidos.

Para o bispo de Spokane, Thomas Daly, a postura da Igreja é clara: “Meus sacerdotes não romperão o sigilo da confissão, mesmo que isso signifique prisão”. Daly afirmou que a confidencialidade do sacramento de penitência é inviolável na Diocese de Spokane, inclusive em face de possíveis penalidades legais.

Reação do governo e investigação federal

A Lei gerou forte reação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que iniciou uma investigação formal na semana passada, classificando a legislação como uma medida “anti-católica”.

Assistente do Procurador-Geral, Harmeet Dhillon, afirmou que a norma é uma “ataque legislativo à Igreja Católica e ao sacramento da confissão”, por tratar os sacerdotes de forma discriminatória ao negar-lhes privilégios que outros profissionais religiosos e laicos possuem para proteger o sigilo de informações confidenciais.

Embora examine o caso, o governo estadual defende a validade da lei e reafirma seu compromisso com a proteção de vítimas, mesmo diante das contestações religiosas.

Compromisso dos bispos com o sigilo e perspectivas futuras

O bispo Thomas Daly declarou que os padres permanecerão fiéis ao segredo da confissão, independentemente de possíveis sanções legais. “Vamos defender o sigilo sacramental até o último recurso”, afirmou, reafirmando que proteger a confidencialidade é uma obrigação religiosa que prevalece sobre leis civis.

A expectativa é que os tribunais norte-americanos sejam chamados a definir se o Estado pode impor a quebra do sigilo religioso ou se este direito deve prevalecer, garantindo a liberdade de culto e a inviolabilidade do sacramento.

Mais detalhes sobre a ação judicial e as possíveis consequências ainda serão acompanhados à medida que o processo avança na Justiça federal.

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