Brasil, 17 de junho de 2025
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Estudantes de medicina da Unoeste denunciam condições abusivas no internato

A Unoeste tem nota máxima no MEC, mas alunos denunciam plantões abusivos e falta de infraestrutura durante o internato em Guarujá.

Estudantes do curso de Medicina da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) em Guarujá, litoral de São Paulo, estão enfrentando graves denúncias sobre as condições de trabalho durante o internato. Apesar de a universidade ter obtido nota máxima na avaliação do Ministério da Educação (MEC), os alunos relatam experiências difíceis, como plantões exaustivos e falta de infraestrutura adequada.

Denúncias de condições precárias durante o internato

Os alunos afirmam que os plantões de trabalho no Hospital Santo Amaro, onde realizam o internato, são abusivos. Segundo os estudantes, eles são submetidos a jornadas de até 24 horas ininterruptas, sem tempo ou local adequado para descansar. Um estudante que preferiu não se identificar denunciou que, em diversas ocasiões, foi obrigado a dormir no chão do hospital e que a carga horária de trabalho ultrapassa 60 horas semanais.

“A gente passou por várias condições deploráveis. A nossa carga é muito maior e mais desgastante do que qualquer outra faculdade. Não tinha horário fixo de descanso, e tínhamos que estar no hospital para qualquer emergência,” afirmou um dos alunos. A falta de comunicação clara com a coordenação do curso e as mudanças frequentes nos critérios de avaliação também foram criticadas pelos alunos, que se sentem desgastados e pressionados.

A avaliação do MEC e a nota máxima da Unoeste

A Unoeste, que atua há mais de 50 anos e possui campus em Presidente Prudente, chegou a Guarujá em 2019 e obteve, em 2024, a nota 5 no Conceito de Curso (CC) do MEC. Esta avaliação envolve critérios como organização didático-pedagógica, infraestrutura e qualidade do corpo docente. As notas são resultado de uma avaliação externa realizada nas instituições de ensino, e a nota máxima é frequentemente interpretada como um sinal de excelência acadêmica.

De acordo com o MEC, a nota 5 indica qualidade satisfatória e os cursos da área da saúde são avaliados com base em indicadores que incluem a integração com o sistema local de saúde, atividades práticas de ensino e adequação das unidades de saúde conveniadas.

A resposta da Unoeste e do Hospital Santo Amaro

Em resposta às denúncias, a Unoeste declarou que as alegações dos estudantes são “infundadas”, atribuindo as queixas a um aluno insatisfeito que não atingiu os critérios mínimos exigidos. A universidade reafirmou o compromisso com a qualidade do ensino e destacou que a carga horária dos plantões está de acordo com as regulamentações vigentes, garantindo períodos de descanso e folgas após plantões noturnos.

O Hospital Santo Amaro, parceiro da Unoeste na formação dos alunos, também se manifestou, indicando que tem o compromisso de proporcionar um bom ambiente de trabalho e descanso para estudantes e médicos. Segundo a instituição, há um diálogo constante com a universidade para atender as necessidades dos alunos.

Denúncia de falsidade ideológica

Outra denúncia que ganhou destaque foi a de Roberto Fakhoure, um estudante de 43 anos, que acusa a Unoeste de falsidade ideológica. Ele alega que sua assinatura foi falsificada em um documento relacionado a uma reprovação em uma disciplina. O caso está sendo investigado e já resultou em um boletim de ocorrência registrado na polícia.

Roberto, que não pode colar grau devido à reprovação, afirma que sua assinatura foi falsificada para que a universidade não precisasse enfrentar suas queixas sobre as condições do internato. “Eu nunca assinei nada concordando com a reprovação. Só fiquei sabendo que poderia recorrer quando fui ao campus principal e descobrir o que havia ocorrido,” relatou.

Reflexão sobre as universidades brasileiras

As situações vividas pelos estudantes da Unoeste expõem uma realidade que muitos alunos enfrentam em instituições de ensino superior no Brasil. Enquanto as universidades investem em marketing e reputação, o dia a dia dos alunos muitas vezes não reflete a qualidade prometida. É fundamental que haja um equilíbrio entre a avaliação acadêmica e as condições efetivas de ensino e aprendizagem oferecidas aos estudantes, garantindo uma formação que respeite tanto a ética quanto a saúde física e mental dos futuros profissionais da saúde.

À medida que as discussões sobre a qualidade do ensino superior se intensificam, a vigilância sobre as condições práticas dos cursos, especialmente na área da saúde, deve permanecer firme, sendo vital para a formação de profissionais capacitados e éticos.

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