A União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin (Intelis) divulgou um comunicado nesta terça-feira, 17 de junho, manifestando uma forte crítica à permanência da atual direção da agência de inteligência do Brasil. O foco da indignação se dá pela permanência do diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, que foi indiciado pela Polícia Federal por obstrução de Justiça em um caso que investiga a existência de uma estrutura paralela dentro da Abin durante o governo Jair Bolsonaro.
Reações da Intelis e a situação atual da Abin
No comunicado, a Intelis destacou que é “inadmissível” que pessoas acusadas de crimes graves, como a obstrução de Justiça, continuem em posições de comando na Abin. “É absurdo sequer cogitar a permanência da atual direção e a continuidade do processo de definhamento e desmonte da Inteligência de Estado”, critica a entidade. Essa declaração evidencia a preocupação geral dos profissionais de inteligência em relação à condução dos trabalhos dentro da agência.
A Intelis também se opõe à nomeação de delegados da Polícia Federal para a liderança da Abin. Essas preocupações foram levantadas em um contexto em que a Abin é vista como uma peça crítica na segurança do Estado, especialmente considerando os desenvolvimentos recentes. Em resposta ao comunicado, a Abin ainda não se manifestou.
Indiciamentos e investigações
O inquérito da Polícia Federal sobre a chamada “Abin paralela” resultou no indiciamento de mais de 30 indivíduos, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin, e o vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente. Todos são acusados de envolvimento em práticas que comprometem a integridade da agência e, consequentemente, a segurança do país.
Além do diretor-geral Corrêa, foram indiciados Luiz Carlos Nóbrega, chefe de gabinete, e José Fernando Chuy, corregedor-geral do órgão. As investigações apontam que a gestão atual dificultou o acesso a dados relevantes sobre o suposto monitoramento ilegal praticado pelo órgão, o que teria prejudicado as investigações e configurado o crime de obstrução de Justiça. Em seu depoimento à PF, Corrêa negou todas as irregularidades apontadas.
A visão da Abin e defensores da atual direção
A Abin, em várias ocasiões, afirmou que está “à disposição das autoridades” e ressaltou que os fatos investigados ocorreram em “gestões passadas”. Essa defesa tem sido reiterada por aqueles que acreditam na continuidade da gestão atual, que considera essencial para a continuidade dos trabalhos da agência.
Entretanto, as vozes de protesto, como a da Intelis, enfatizam que a presença desses indivíduos no comando da Abin compromete não apenas a instituição, mas a segurança nacional. A nota da Intelis reforça a necessidade de que a agência seja dirigida por profissionais de inteligência com uma sólida formação e compromisso ético.
Reações políticas e perspectivas futuras
As reações ao indiciamento e às críticas têm sido variadas. Carlos Bolsonaro, ao comentar o assunto em um post nas redes sociais, sugeriu que o indiciamento é uma manobra política relacionada às eleições de 2026, afirmando que era mais um capítulo de uma narrativa que visa prejudicar sua imagem e a de sua família. “Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!”, escreveu ele na plataforma X (anteriormente Twitter).
Com a pressão aumentando sobre a direção atual da Abin e as investigações em curso, o futuro da agência de inteligência e de seus líderes permanece incerto. A eficiência e a credibilidade da Abin dependem não só de uma gestão adequada, mas também de um ambiente de transparência e confiança que é fundamental para sua operação. Nesse contexto, acompanhar as próximas movimentações da agência e as reações das autoridades competentes será crucial para entender os rumos da segurança pública no Brasil.
A situação atual da Abin levanta questões importantes sobre a integridade e a responsabilidade na segurança nacional, enfatizando a necessidade de discussões abertas e a implementação de reformas necessárias para restaurar a confiança na instituição.