Na última terça-feira (10), um ataque brutal na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, confirmou a escalada da violência nas ruas da cidade. Este incidente não é isolado; em novembro de 2024, quatro trabalhadores perderam a vida em um ataque semelhante enquanto transitavam pela mesma via, durante uma operação policial. Esses casos revelam a tática desesperadora e violenta dos criminosos que atuam no Rio, mostrando a necessidade urgente de se discutir o cenário da segurança pública na região.
A tática dos criminosos
Os ataques nas vias expressas, como o que ocorreu recentemente, são parte de uma estratégia deliberada utilizada por grupos criminosos, especificamente liderados por Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão. Em declarações ao público, o Secretário de Segurança Pública, Victor Carvalho, explicou que os criminosos atiram em pessoas inocentes com o objetivo de bloquear as ações da polícia e criar uma percepção negativa sobre as forças de segurança. Segundo ele, “Atiram em pessoas inocentes para fazer o quê? Para bloquear a ação policial. Chamar a atenção da opinião pública de forma negativa, mostrar que a responsabilidade por todo esse transtorno é das forças policiais, quando não é”.
Impacto e resposta das autoridades
O cenário de violência é alarmante. Nos primeiros seis meses do ano, o Complexo de Israel registrou 21 tiroteios, com 15 ocorrendo durante operações policiais. O número de feridos também cresceu, com pelo menos oito pessoas baleadas, quase o dobro do que foi registrado no mesmo período do ano anterior. Este aumento dramático na violência levanta preocupações sobre a eficácia das operações policiais e a segurança da população.
Um exemplo notório de operação policial que repercutiu na mídia ocorreu no dia 7 de junho, durante uma festa junina no Morro Santo Amaro, onde seis pessoas foram baleadas, resultando na morte de um homem que foi atingido por dois tiros. Em resposta a este crescente clima de insegurança, o governador Cláudio Castro tomou medidas drásticas, exonerando os comandantes do Bope e do COE, além de afastar 12 policiais envolvidos na operação que terminou em tragédia.
A visão de especialistas
Ubiratan Nunes, ex-comandante da Polícia Militar e consultor em segurança pública, ressaltou a urgência de retomar o controle dos territórios afetados pela violência. Ele argumenta que é necessário ir além das operações policiais tradicionais: “O caminho é dominar esse espaço. Mas não é entrar com a polícia somente. É encontrar a alternativa para devolver ao cidadão o seu espaço. O seu espaço de sobrevivência. Não de sobrevivência, não, de vida, porque eles estão sobrevivendo. Não estão vivendo o seu espaço de dignidade”.
A importância da discussão e conscientização
Essas questões colocam em evidência a necessidade de um debate mais profundo sobre segurança pública e a responsabilidade do Estado em garantir a segurança dos cidadãos nas vias expressas e nas comunidades mais vulneráveis. O aumento da violência expõe a fragilidade do sistema e a complexidade do problema, que postula a necessidade de uma abordagem mais abrangente e eficaz para lidar com a criminalidade no Rio de Janeiro.
Enquanto isso, a população continua a viver sob a constante ameaça da violência, uma realidade que pode ser combatida somente através de reformas estruturais, políticas públicas eficazes e a reeducação dos cidadãos, promovendo um ambiente onde a vida digna é uma prioridade. É fundamental que mais vozes se levantem para discutir essas questões e exigir a transformação do cenário atual.
Para mais informações sobre como a violência impacta a vida cotidiana no Rio de Janeiro, veja a reportagem completa e gráficos que elucidam a tragédia social enfrentada por muitos cidadãos cariocas.
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