O Mundial de Clubes, que acontece nos Estados Unidos, já contabiliza suas primeiras vítimas: o calor intenso. Na vitória do PSG sobre o Atlético de Madrid, o forte calor se tornou quase um adversário invisível, afetando significativamente o desempenho dos atletas. O jogo, realizado ao meio-dia em Pasadena, teve uma sensação térmica superior a 35 graus e mostrou como as altas temperaturas podem ser impactantes durante competições esportivas.
Os efeitos do calor nas competições esportivas
O lateral-direito do Atlético de Madrid, Marcos Llorente, comentou suas dificuldades durante o jogo, evidenciando como o calor extremo pode afetar a performance. “É impossível, um calor horrível. Meus dedos dos pés estavam doloridos”, relatou Llorente. A situação não deve melhorar tão cedo, já que os meteorologistas preveem a continuidade de ondas de calor com temperaturas acima das médias históricas durante o verão americano.
Para o Mundial de Clubes, que conta com um total de 63 partidas, 35 delas ocorrerão em horários onde a temperatura pode ser prejudicial, entre 12h e 15h, no horário local. Este cenário pode comprometer não apenas a saúde dos jogadores, mas também a qualidade do espetáculo.
Desafios climáticos nas cidades-sede
Os desafios do calor não são uniformes nas 11 cidades-sede do torneio. Locais como Miami e Orlando podem registrar temperaturas superiores a 40 graus, enquanto outras como Nova Jersey devem ter dias mais amenos. O meteorologista Humberto Barbosa destacou que as condições climáticas dos dois extremos do país apresentam desafios distintos para os times. “Quando chega a 35 graus com alta umidade, o desconforto é muito grande para os jogadores”, explicou.
Estudos mostram que em condições de calor extremo, os atletas podem perder até 1,5 litros de líquido por hora, resultando em desidratação que afeta diretamente o desempenho em campo. Isso se traduz em perda de capacidade de aceleração e aumento do erro técnico, tornando a competitividade ainda mais desafiadora.
Preparação das equipes para o calor
O Fluminense e o Borussia Dortmund, que jogaram em Nova Jersey, conseguiram escapar do calor um pouco mais intenso, já que a previsão para o dia do jogo estava abaixo de 25 graus. No entanto, o Palmeiras enfrentará condições menos favoráveis em jogo marcado para quinta-feira sob temperaturas superiores a 32 graus.
Os times têm adotado estratégias para se adaptar ao calor. O Fluminense, que está nos EUA há dez dias, ajustou seus treinos para simular as condições do jogo, priorizando horários semelhantes ao dos encontros oficiais. “Estão acostumados a jogar em horários variados, porém os jogos no Brasil são entre 16h e 20h, em média”, destacou Juliano Spineti, fisiologista do tricolor.
Impactos na saúde e na performance
O cenário de calor intenso atrai preocupações não apenas em relação ao desempenho dos atletas, mas também à saúde deles e dos espectadores. Em Copas do Mundo passadas, como em 1994, houve registro de atletas e árbitros passando mal. Apesar dos avanços na ciência do esporte e na tecnologia dos uniformes, a elevação contínua das temperaturas representa um risco real.
A FIFA, embora tenha implementado pausas para hidratação em casos de calor extremo, parece estar fazendo o mínimo para proteger os atletas. Para a FifPro, a entidade que representa os jogadores, as medidas atuais são inadequadas e reivindica um ajuste nas diretrizes de pausa e agendamento de partidas.
Sustentabilidade e futuro do futebol sob o calor
Com a Copa do Mundo de 2026 já sobre os horizontes, a expectativa é que as condições sejam ainda mais adversas. Luciana Lancerotti, especialista em sustentabilidade, ressalta a necessidade de decisões que considerem a segurança e saúde humana nos esportes. “O horário de jogo não pode ser decidido só por questões de audiência. Tem que levar em conta o impacto humano e ambiental”, afirmou.
Assim, enquanto o calor continua a ser protagonista nesta edição do Mundial de Clubes, é vital que tanto as organizações quanto as equipes estejam cientes do seu impacto, não apenas sobre o desempenho competitivo, mas, sobretudo, sobre a saúde e segurança dos envolvidos.