O advogado Eduardo Kuntz, conhecido por sua atuação na defesa do ex-assessor presidencial Marcelo Câmara, trouxe à tona novas informações que podem impactar o desenrolar do caso que envolve a suposta trama golpista no Brasil. Em uma comunicação oficial ao Supremo Tribunal Federal (STF), Kuntz revelou que conversou com o tenente-coronel Mauro Cid a respeito de sua delação premiada, utilizando uma conta no Instagram. Esse relato contradiz o que Cid afirmou em seu interrogatório realizado na semana passada no STF.
Entendendo o contexto do caso
No centro dessa controvérsia está o caso que envolve Câmara, um dos réus do que é chamado de “núcleo dois” da operação investigativa, enquanto Cid é parte do que se considera o “núcleo crucial” de uma suposta organização criminosa que, segundo as investigações, teria tentado realizar um golpe de Estado. As informações novas apresentadas por Kuntz podem ter repercussões significativas para o andamento dos processos e as defesas envolvidas.
Câmara e o andamento do processo
A defesa de Câmara apresentou recentemente a defesa prévia na ação penal contra ele, a qual foi instaurada na semana anterior. Já o processo que envolve o núcleo crucial, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, está em uma fase mais avançada, o que pode complicar ainda mais a defesa de Câmara. A situação se agrava com a inclusão de novas evidências e o desenrolar contínuo das investigações.
Reproduções de mensagens no centro da investigação
O advogado Kuntz anexou ao documento enviado ao STF reproduções das conversas trocadas com Cid por meio do perfil “GabrielaR702”. Parte dessas mensagens já havia sido revelada pela revista Veja na semana passada. Após a divulgação da reportagem, a defesa de Cid negou, perante ao STF, que ele fosse o autor das mensagens e pediu uma investigação sobre a veracidade do perfil. Em resposta, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Meta, empresa controladora do Instagram, fornecesse os dados cadastrais da conta, uma ação que ainda não foi cumprida.
O contato entre Kuntz e Cid
Em sua declaração, Kuntz revelou que foi procurado por Cid através do Instagram em janeiro de 2024. A comunicação inicial incluiu uma ligação e o envio de uma foto para comprovação da identidade do tenente-coronel, que já era conhecido por Kuntz, levando o advogado a acreditar que a intenção do contato era para que ele assumisse a defesa de Cid.
Críticas à delação
No decorrer das conversas, Cid fez críticas quanto à maneira como sua delação foi conduzida, levando Kuntz a afirmar que “o princípio da voluntariedade foi absolutamente arranhado” e que, portanto, o acordo de delação deveria ser anulado. A defesa de Bolsonaro fez um pedido semelhante na segunda-feira passada, reforçando as implicações que a delação pode ter sobre as defesas de ambos os réus.
Interrogatório e desdobramentos
Durante seu interrogatório na semana passada, Cid foi questionado pelo advogado Celso Vilardi, representando a defesa de Bolsonaro, se tinha discutido o conteúdo de sua delação com outras pessoas através do Instagram. Cid respondeu negativamente. Contudo, a situação se torna mais complexa à medida que novos dados emergem, incluindo o questionamento sobre o perfil “GabrielaR702”. Durante a audiência, Cid admitiu que “Gabriela” é o nome de sua esposa, mas relatou não saber se esse perfil era realmente dela.
Com o avanço das investigações e os novos elementos apresentados, a expectativa é que os próximos desdobramentos do caso possam trazer mais luz sobre a veracidade das delações e a autenticidade das informações trocadas, influenciando diretamente as defesas de todos os réus envolvidos nesta trama complexa.