O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta semana para decidir se interrompe o ciclo de alta da taxa Selic, atualmente em 14,75% ao ano, o maior desde 2006. A expectativa é que a decisão seja anunciada na próxima quarta-feira (18), após as 18h, com a maior parte do mercado considerando a possibilidade de estabilidade na taxa.
Expectativas para a decisão do Banco Central sobre a Selic
Segundo pesquisa do próprio Banco Central com mais de 130 instituições financeiras, a maioria acredita que a economia já permite a pausa na elevação dos juros, iniciada em setembro de 2024. “O Copom deve encerrar o ciclo de aperto monetário em junho, mantendo a Selic em 14,75%, e sinalizar estabilidade por um período prolongado”, avalia o Itaú. Porém, há bancos que ainda projetam uma nova alta.
O banco ABC Brasil, por exemplo, estima um ajuste final de +0,25 ponto percentual, levando a taxa para 15% ao ano na próxima reunião. “Nossa expectativa é de aumento de 25 pontos-base, seguido de estabilidade em 15% até o fim do ano”, afirma a instituição financeira.
Contexto da política de juros e a estratégia do BC
A definição da taxa Selic é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação, que tem efeitos mais severos sobre as camadas mais pobres da população. O banco atua com base em metas de inflação, que neste ano poderão ser consideradas atingidas se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%. Desde o início de 2025, o BC projeta uma inflação acima da meta central de 3%, estimando 5,44% para este ano.
Apesar de reconhecer que a desaceleração econômica é parte da estratégia, o BC mantém a postura de juros elevados por um período mais prolongado. A ata da última reunião, divulgada em maio, reforça que a instituição continuará vigilante para trazer a inflação às metas definidas.
Desaceleração econômica e impacto na atividade e no mercado de trabalho
O BC projeta que o ritmo de crescimento da economia deve continuar mais lento, contribuindo para a desaceleração da inflação, também pelo impacto do juro alto. “O hiato do produto permanece positivo, indicando que a economia opera acima de seu potencial sem pressionar a inflação”, afirmou o presidente Gabriel Galípolo.
Galípolo também admitiu que o impacto do juro elevado na geração de empregos deve se aprofundar, reforçando a intenção de manter os juros restritivos por tempo maior.
Diálogo entre o BC e o mercado
Na véspera da decisão, o presidente Galípolo participou de uma entrevista com o ex-presidente Roberto Campos Neto, que deixou o cargo no fim do ano passado. Durante o bate-papo, Galípolo afirmou que busca uma gestão técnica e imparcial, independentemente de alinhamentos partidários, e de que o BC continuará a atuar com transparência.
Campos Neto destacou que toda autoridade monetária passa por críticas, mas reforçou que o importante é manter a credibilidade e o foco na estabilidade macroeconômica. “Tudo passa, e o que fica é o que é feito de forma técnica e responsável”, afirmou.
Perspectivas para os próximos meses
Analistas indicam que, além da decisão de junho, o Banco Central deve sinalizar uma pausa nas altas dos juros, mantendo a Selic em 14,75% até o fim de 2025, enquanto monitora a evolução da inflação e da atividade econômica. Essa postura visa equilibrar o combate à inflação sem prejudicar o crescimento do país.