O Projeto Bike SP, uma parceria entre a Universidade de São Paulo (USP), a Fundação Getulio Vargas (FGV) e a Prefeitura de São Paulo, está em fase de testes para um aplicativo inovador que busca incentivar a mobilidade sustentável na capital paulista. A proposta consiste em recompensar ciclistas com créditos no Bilhete Único por cada trajeto percorrido de bicicleta. Esse sistema, que foi desenvolvido nos últimos dois anos, será ampliado a partir de agosto com a participação de voluntários. As inscrições para quem deseja se envolver no estudo estarão abertas até o dia 30 de junho.
A importância da bicicleta na mobilidade urbana
Com os congestionamentos se tornando uma constante na rotina dos paulistanos, a bicicleta surge como uma alternativa viável e eficiente. O projeto, conduzido pela Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito, é apoiado pelo Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME-USP), que está desenvolvendo um aplicativo com o objetivo de medir as viagens dos ciclistas. “A proposta é transformar quilômetros pedalados em incentivos financeiros, integrando o uso da bicicleta com o transporte público”, afirma o professor Fábio Kon, coordenador do projeto.
Como funciona o aplicativo do Bike SP
O aplicativo tem um funcionamento simples e intuitivo. Segundo Kayke Cintra, aluno de ciência da computação da USP e um dos desenvolvedores da ferramenta, o ciclista deve iniciar a viagem pelo app, pedalar até o destino e finalizar o percurso para registrar o trajeto. “Toda vez que uma viagem é completada, o usuário recebe um valor proporcional ao trajeto, que será creditado no Bilhete Único”, explica Kayke.
Recompensas e regras do programa
No momento, o programa recompensa apenas as duas primeiras viagens do dia, desde que o trajeto tenha entre 1 e 8 quilômetros. Os valores acumulados serão depositados semanalmente e poderão ser validados nas máquinas de recarga já existentes nos terminais e estações de transporte público da cidade. A próxima fase do projeto pretende recrutar até mil voluntários para testar a plataforma e ajudar a definir o valor ideal a ser pago por quilômetro pedalado.
Benefícios da mobilidade ciclística
Além de promover uma alternativa de transporte mais saudável e menos poluente, a pesquisa também visa mapear o comportamento dos ciclistas na cidade, identificando os trechos mais utilizados. Essa informação é crucial para o planejamento de novas ciclovias e ciclofaixas, contribuindo para um ambiente urbano mais adequado ao uso de bicicletas.
“Hoje, menos de 2% das viagens em São Paulo são feitas de bicicleta”, afirma Ciro Biderman, pesquisador da FGV Cidades e também coordenador da iniciativa. “Esse número é bastante baixo para o potencial que a bicicleta oferece como um meio de transporte mais eficiente, saudável e menos poluente. Precisamos fazer com que mais pessoas enxerguem essa possibilidade.”
Participação da sociedade e futuro do projeto
A participação popular é fundamental para que o projeto Bike SP alcance seus objetivos. Com a colaboração de voluntários, a pesquisa pretende não apenas ajustar as recompensas financeiras, mas também entender quais perfis sociais precisam ser priorizados para aumentar o uso das bicicletas na cidade. Esse tipo de análise é importante para garantir que o programa seja inclusivo e alcance o maior número possível de ciclistas.
Assim, o projeto não é apenas uma alternativa para reduzir o trânsito, mas também uma forma de promover a saúde e a qualidade de vida dos cidadãos. Ao incentivar o uso da bicicleta, a iniciativa pode contribuir para um futuro mais sustentável e menos poluído em São Paulo.
Os interessados podem se inscrever até o dia 30 de junho, e a expectativa é que o aplicativo, após os testes com voluntários, seja disponibilizado para um público maior, oferecendo mais incentivos para o uso cotidiano das bicicletas na cidade.