No último Fórum Globsec 2025, realizado em Praga, o arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário da Santa Sé para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais, abordou a importância de construir uma paz sólida e duradoura, não ancorada em armas ou ameaças, mas em valores fundamentais como a justiça e a dignidade humana. O evento, que reuniu líderes mundiais e agentes de transformação, foi o cenário ideal para discutir os desafios prementes que o mundo enfrenta atualmente.
Um chamado à reflexão e à ação
Durante seu discurso, Gallagher destacou que a atual realidade global se apresenta como um grande dilema. Com a guerra na Ucrânia, surgiu a desilusão sobre a estabilidade da paz na Europa, enquanto regiões como a Terra Santa, Síria, Iêmen e Sahel continuam a vivenciar ciclos intermináveis de violência e desespero. “O nosso mundo está numa encruzilhada”, afirmou o arcebispo, convidando os líderes presentes a refletirem sobre o destino do planeta e as ações necessárias para revertê-lo.
Curando as feridas da história
Em meio a uma plateia composta por figuras influentes e inovadores, Gallagher lembrou que a diplomacia convencional e acordos econômicos muitas vezes não são suficientes para garantir a paz. “A paz exige mais do que governança; exige uma visão moral e a transformação dos corações”, disse ele. Para Gallagher, o clamor global não é apenas pelo fim da violência, mas pela cura das memórias e a restauração das relações interpessoais, destacando que a religião deveria desempenhar um papel central nesta transformação. “A religião deve intervir não como concorrente da diplomacia, mas como sua alma”, afirmou.
O amor como base da paz
Em sua fala, o arcebispo também fez questão de ressaltar a visão cristã de paz, citando as palavras de Cristo Ressuscitado, enfatizando que a verdadeira paz não é fruto das armas, mas do amor. Ele se referiu às palavras de Leão XIV, que, em sua recente eleição, proferiu uma saudação que encapsula a essência da visão da Santa Sé: “Uma paz não forjada com armas, mas nascida do amor, sustentada pela justiça”. Gallagher ressaltou que essa paz é universal, no sentido original da palavra “katholikós”.
Construindo relações justas
Para Gallagher, a concepção católica de paz transcende a mera ausência de guerra; ela implica a presença de relações justas. “A Igreja entende a paz como um empreendimento de justiça”, declarou, ecoando os ensinamentos papais que desde a Grande Guerra têm clamado por uma paz fundamentada na verdade, caridade, liberdade e, principalmente, no respeito à dignidade da pessoa humana. Ele alertou que, para alcançar uma paz verdadeira, é necessário trilhar o caminho do desenvolvimento humano integral, pois “a guerra é, em última análise, um fracasso da política e da humanidade”.
As reflexões do arcebispo Gallagher no Fórum Globsec 2025 evidenciam a urgência de repensar as abordagens em direção à paz global. Aliar a diplomacia a uma visão moral e transformar corações em prol da justiça é mais do que um ideal — é um imperativo para um futuro mais harmonioso e humano. A paz que se deseja deve ser uma construção coletiva, enraizada no amor, na dignidade e no respeito mútuo entre todos os povos.
O Fórum Globsec 2025, ao proporcionar esse espaço de diálogo entre líderes globais, demonstra a relevância de se abordar a paz sob diversas perspectivas, reconhecendo que o caminho para a verdadeira estabilidade é complexo e requer esforços contínuos e colaborativos de todos os setores da sociedade.
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