O Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República, guarda histórias e características que refletem a essência do cargo. Ao contrário do imponente Palácio da Alvorada, moradia do presidente, o Jaburu é cercado por extensos jardins e transmite um clima de tranquilidade, com aparências mais caseiras. Essa atmosfera aliada à discrição é um reflexo do papel do vice-presidente, frequentemente visto como um apoio ao presidente, mas que também pode ter seus próprios momentos de protagonismo.
História e arquitetura do Jaburu
Erguido em 1977, o Palácio do Jaburu foi construído 17 anos após a criação de Brasília e quase duas décadas depois da inauguração do Alvorada, situando-se a apenas 650 metros de distância. O projeto arquitetônico, assinado pelo renomado Oscar Niemeyer, apresenta uma integração harmônica com a natureza circundante, buscando preservar a vegetação original. Ajuda nesse enfoque os jardins projetados por Burle Marx, criando um ambiente que mistura a grandiosidade da política com o aconchego de um lar.
Com aproximadamente 190 mil metros quadrados de terreno e 4.283 metros quadrados de área construída, o Jaburu possui cinco suítes, um escritório, várias salas e um jardim esplêndido. Um dado curioso sobre a sua infraestrutura é o consumo de energia, que é equivalente ao de 174 residências, com um gasto mensal que gira em torno de 26,5 mil kWh.
Recursos e curiosidades do Palácio
O Jaburu, além das elegantes salas e suítes, conta ainda com uma sala de cinema equipada com projetor, embora seu uso seja pouco frequente, já que muitos preferem as opções de streaming disponíveis atualmente. O ex-vice-presidente Hamilton Mourão, que ocupou o cargo entre 2019 e 2022, recorda que, por ser um imóvel tombado, até mesmo mudanças simples, como a troca de móveis, precisam seguir rígidos protocolos.
Curiosamente, o Jaburu abriga também uma variedade de fauna, com 24 emas, 62 galinhas e 30 peixes, servindo como uma verdadeira ilha de tranquilidade em meio à política intensa.
O cotidiano no Jaburu
Durante a gestão de Jair Bolsonaro, o Jaburu era utilizado pelo vice para momentos de lazer, como corridas matinais e passeios de bicicleta. Contudo, a prática de receber políticos na residência era evitada, já que o vice frequentemente preferia interagir em seu gabinete no Palácio do Planalto. Essa prática parece ter se mantido sob a administração de Geraldo Alckmin, que agora também recebe a família e um novo integrante: o coelho Joaquim, presente da esposa Lu Alckmin, que virou uma espécie de celebridade nas redes sociais.
A história do Jaburu aproveita o seu caráter familiar, refletindo momentos intensos da política brasileira. A residência se tornou palco de inúmeras reuniões e decisões que moldaram a trajetória política do país. No governo Dilma Rousseff, por exemplo, o então vice Michel Temer começou a utilizar o Jaburu como um espaço de articulação política, especialmente em um período marcado por tensões.
Momentos marcantes
Entre os momentos históricos vividos no Palácio, destaca-se o dia em que o ex-presidente José Sarney recebeu a notícia da morte de Tancredo Neves. Este acontecimento, que teria um impacto profundo na política nacional, ilustra como o Jaburu, além de ser uma residência, também é um espaço de memória e história do Brasil.
O Palácio do Jaburu combina elementos de residência, escritório e, acima de tudo, um espaço que, embora seja mais reservado, é vital para a vida política do país. Sua história, arquitetura e os momentos que testemunhou seguem refletindo a complexidade da política brasileira, onde o silêncio e a calma convivem com o agito e a ação. A residência do vice-presidente é, sem dúvida, um espaço que merece ser conhecido e celebrado.