O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, tem enfrentado um desafio considerável desde que assumiu o cargo em janeiro deste ano: conter a queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Após cinco meses à frente da pasta, Sidônio ainda não conseguiu encontrar uma estratégia ou marca que possa alavancar a imagem do governo, que se tornou um verdadeiro “bunker” no Palácio do Planalto diante das sucessivas crises.
A pressão das crises e as reações do governo
Considerado um “bombeiro” por membros do governo, Sidônio Palmeira tem lidado com crises geradas por diversas situações, desde anúncios polêmicos sobre o Pix até revelações de desvios nas aposentadorias do INSS. Atualmente, um dos assuntos mais delicados é a tentativa de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que gerou uma repercussão negativa nas redes sociais e exigiu uma reação rápida do governo.
Com a expectativa de ser o principal estrategista da campanha de Lula para 2026, Sidônio agora tem que lidar com as crises de 2025. Ele comanda reuniões e orienta colegas do primeiro escalão, sempre visando a melhor forma de transmitir a mensagem e proteger a imagem do governo durante períodos turbulentos. No entanto, suas ações ainda não conseguiram evitar contratempos significativos, como a crise recente relacionada ao IOF.
Desafios na comunicação e necessidade de novas estratégias
Após um aumento no IOF em maio, Sidônio conseguiu articular um recuo antes do esperado, considerando a pressão negativa nas redes sociais. Contudo, a crise não parou por aí. Em um intervalo de 24 horas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se envolveu em um embate com opositores na Câmara dos Deputados, um evento que foi amplamente explorado pela oposição e indicou a fragilidade da situação política do governo.
Além disso, o escândalo do INSS não apenas resultou na saída do ministro da Previdência, Carlos Lupi, como também exigiu que Sidônio estabelecesse reuniões diárias com os novos dirigentes do INSS para tentar controlar os danos à imagem do governo.
Buscando alternativas para a comunicação digital
A Advocacia-Geral da União (AGU) está buscando autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para que os recursos destinados ao ressarcimento dos aposentados não estejam sujeitos às regras fiscais, o que pode abrir novas frentes de embate para o governo. Críticos sugerem que a Secom deveria apresentar medidas de cortes de gastos, aumentando assim a pressão sobre Sidônio para comunicar eficientemente as ações do governo.
Em um esforço para contornar a situação, Sidônio tem promovido entrevistas em que Lula pode destacar os avanços da gestão. O objetivo é mostrar realizações positivas em meio às crises, mas alguns aliados do ministro reconhecem que a mensagem ainda carece de uma marca clara, tanto na comunicação quanto nas ações do governo.
A resistência de uma nova mentalidade no governo
Aliados de Sidônio admitem que, no início de 2023, havia a expectativa de que bastasse recriar programas dos governos petistas anteriores. No entanto, com o passar do tempo, ficou claro que o Brasil hoje não é o mesmo de anos atrás, demandando uma adaptação dinâmica à nova realidade política e social.
A comunicação digital também enfrenta desafios, pois a licitação para sua operação está suspensa pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Embora Sidônio tenha manifestado a intenção de abrir uma nova concorrência assim que tomou posse, a idealização do edital ainda está em andamento. A expectativa é que a nova licitação seja concluída em breve, mas a equipe de Sidônio já defende que essa não é uma solução mágica para os problemas de comunicação do governo.
Resultados e perspectivas futuras
Apesar das críticas, a equipe de Sidônio aponta que já foi possível aumentar o alcance das contas oficiais, especialmente em redes sociais como Instagram e TikTok. Essa expansão é vista como crucial em uma época onde as comunicações digitais estão cada vez mais integradas ao cotidiano da política.
No entanto, a estratégia necessita de maior envolvimento dos aliados nas redes sociais, combatendo a influência de opositores, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Sidônio enfatiza a importância de um esforço conjunto entre o governo e seus apoiadores para enfrentar a oposição de maneira mais incisiva.
A luta pela valorização da imagem do governo Lula e a busca por uma comunicação mais eficaz continuam, e o desempenho da Secom nos próximos meses pode ser decisivo para o futuro político da administração. O tempo dirá se Sidônio Palmeira conseguirá transformar este “bunker” em um espaço unificado e forte na narrativa de um governo em constante busca perene por reconhecimento e apoio popular.