A expectativa do mercado financeiro nesta semana é de grande expectativa na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic, que atualmente está em 14,75%. Economistas e agentes do mercado divergem entre manter o juro no nível atual ou elevá-lo para 15%, o maior desde 2006, diante de sinais de economia resistente e inflação ainda elevada.
Reunião do Copom sob incertezas e cautela
Apesar de indicadores recentes mostrarem uma desaceleração econômica, a maioria dos analistas acredita que o Comitê tende a encerrar o ciclo de alta dos juros iniciado em setembro de 2024. No entanto, alguns defendem um novo aumento de 0,25 ponto porcentual, justificando que a inflação ainda está longe da meta de 3% e que as expectativas de preços permanecem desancoradas.
Cenário de alta incerteza e comunicação cautelosa
Na ata da reunião de março, o BC indicou que o cenário demandava juros mais restritivos, e sinais do mercado apontam que a autoridade monetária permanece atenta aos dados econômicos, mantendo uma postura de cautela. Segundo o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a instituição está aberta a ajustes, reforçando a necessidade de flexibilidade diante da incerteza macroeconômica.
“Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, afirmou Galípolo em evento recente.
Perspectivas econômicas e desafios do cenário internacional
Enquanto isso, o ambiente externo também influencia as decisões do BC. A China, por exemplo, negocia a encomenda de até 500 jatos da Airbus, em meio à guerra comercial com os EUA, o que pode impactar o cenário global e a inflação brasileira. Além disso, o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, avalia que, diante de expectativas de inflação ainda desancoradas, pode ser mais fácil justificar um aumento na Selic do que a manutenção do patamar atual.
Impacto da política monetária na economia brasileira
Dados recentes mostram uma economia que, apesar de desacelerar, mantém resiliência e forte geração de empregos. Com isso, o BC busca equilibrar o controle da inflação com a necessidade de não penalizar o crescimento econômico. Segundo o próprio colegiado, a política monetária já contribui para esfriar a atividade, mas a inflação ainda demanda atenção.
O mercado espera que o BC opte por uma interpretação mais conservadora, mantendo a Selic em 14,75% na próxima reunião, mas há sinais de que o cenário pode levar a um aumento para 15%, elevando a taxa ao maior nível desde 2006, caso as pressões inflacionárias persistam.
Expectativas futuras e o papel da comunicação do BC
Os analistas ressaltam que a comunicação oficial do BC tem sido cautelosa, refletindo a intenção de manter todas as opções de política monetária abertas. A decisão do colegiado será influenciada pelos dados de inflação, atividade econômica e cenário externo, especialmente no contexto de expectativas ainda distantes da meta de 3% prevista para 2026.
Com o cenário de elevada incerteza, o Banco Central sinaliza que pode manter os juros elevados por um período prolongado, reforçando a postura de cautela enquanto monitora a evolução do quadro macroeconômico.
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