Brasil, 16 de junho de 2025
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Gastos com armas nucleares poderiam alimentar milhões em fome

Relatório revela que investimento em arsenais nucleares poderia resolver a crise alimentar global.

Um estudo recente aponta que o dinheiro destinado a aumentar arsenais nucleares poderia ser usado para combater a fome em escala global. Em 2024, os investimentos feitos para armas nucleares nos nove países que possuem esses armamentos são suficientes para alimentar todos os 345 milhões de indivíduos que enfrentam os níveis mais graves de fome no mundo por quase dois anos. O relatório foi divulgado pela Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN) e destaca a discrepância alarmante entre gastos militares e as necessidades humanitárias urgentes.

O relatório anual da ICAN

O documento da ICAN, lançado em um momento de crescente tensão internacional — especialmente com os recentes ataques de Israel ao programa nuclear do Irã — aponta que, no último ano, os países que possuem armas nucleares, incluindo EUA, Rússia, China, entre outros, investiram mais de 100 bilhões de dólares em seus arsenais. Esse valor representa um aumento de cerca de 11% em relação ao ano anterior, resultando em gastos de 3.169 dólares por segundo. Os autores do relatório, Susi Snyder e Alicia Sanders-Zakre, enfatizam que esses números poderiam ser melhor utilizados em iniciativas que promovam segurança e dignidade humanas.

As ogivas nucleares no mundo

Atualmente, o mundo possui cerca de 12 mil ogivas nucleares, sendo que 90% delas são de propriedade dos Estados Unidos e da Rússia. No ano passado, os Estados Unidos lideraram os gastos com armas nucleares, com 56,8 bilhões de dólares, seguidos pela China com 12,5 bilhões e pelo Reino Unido com 10,4 bilhões. O relatório também menciona os custos relacionados aos países que abrigam armas nucleares estrangeiras, como Bélgica, Alemanha, Itália, Países Baixos e Turquia.

Alocação de Recursos para Necessidades Humanas

A ICAN critica a disparidade entre os gastos com armamentos e as necessidades sociais, afirmando que os recursos destinados a arsenais nucleares são um “desperdício”. Os países que possuem essas armas concordaram formalmente que uma guerra nuclear não pode ser vencida e nunca deve ser travada. Nesse sentido, os 100 bilhões de dólares utilizados em armas poderiam ter sido realocados para enfrentar ameaças como as mudanças climáticas e a extinção de espécies ou até mesmo para melhorar serviços essenciais em saúde, educação e moradia.

Embora haja um reconhecimento global sobre a necessidade de reduzir o arsenal nuclear, as barreiras políticas e os interesses nacionais continuam a dificultar a mudança no investimento em armamentos. A ICAN, presente em 107 países desde 2007 e vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2017, luta para promover a adesão ao Tratado para a Proibição das Armas Nucleares.

A situação é alarmante. Enquanto bilhões são gastos em armamentos, a crise da fome continua a se agravar, refletindo uma escolha coletiva e urgente que a comunidade internacional deve enfrentar. A alocação de recursos para atender às necessidades humanas básicas, em detrimento do desenvolvimento contínuo de armamentos letais, é uma discussão que precisa urgentemente de mais atenção e ação.

O relatório da ICAN não é apenas uma chamada de atenção; é um apelo por mudança. Mudanças que poderiam levar não apenas à redução das armas nucleares, mas, primariamente, à promoção da dignidade humana e à segurança de milhões ao redor do mundo.

Se os governos decidirem priorizar a vida sobre a guerra, um novo futuro pode ser imaginado — um futuro sem fome, sem armamentos excessivos e com um verdadeiro compromisso com a paz e a segurança global.

Leia mais sobre o relatório da ICAN

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