Este verão nos Estados Unidos promete ser mais quente do que a média, mas o país enfrenta dificuldades devido aos cortes em programas de pesquisa e políticas contra o aquecimento extremo, sob a gestão de Donald Trump. Previsões indicam temperaturas persistentemente acima da média na maior parte do país, especialmente no Centro-Oeste e Nordeste, agravando os desafios enfrentados pelas comunidades vulneráveis.
Impactos das ações da administração Trump na pesquisa e proteção contra o calor extremo
Iniciado em abril, o corte de cargos e financiamentos de agências de saúde e clima, como o Instituto Nacional de Segurança Ocupacional (NIOSH) e o Sistema de Informação Integrada de Saúde pelo Calor (NIHHIS), comprometeu esforços essenciais para monitorar e mitigar os efeitos do calor extremo. A eliminação dessas posições, além do fechamento do setor ambiental do CDC—que posteriormente foi parcialmente restabelecido—, representa uma perda significativa para a preparação das comunidades.
“O que foi perdido ali é de um valor gigantesco para as comunidades,” afirma V. Kelly Turner, professora de urbanismo na Universidade da Califórnia, Los Angeles. Ela destaca que o calor extremo, responsável pelo maior número de mortes relacionadas ao clima nos EUA, ainda não é reconhecido oficialmente como uma emergência nacional. Segundo dados publicados na revista JAMA em agosto passado, as mortes por calor dobraram nos últimos 24 anos e continuam em tendência de alta desde 2016.
Ausência de políticas federais robustas frente ao calor
Apesar da gravidade, o calor extremo não possui programas estruturados ou recursos federais similares aos utilizados em desastres naturais como incêndios ou furacões. Turner comenta: “O calor não tem uma casa de fato no governo federal. Outros desastres têm programas, instituições, políticas e financiamento; o calor, até agora, não tinha nada disso.”
Nos governos anteriores, houve iniciativas iniciais para enfrentar essa ameaça. A administração Obama criou o NIHHIS, uma rede interagências voltada a soluções concretas para proteger as populações. Após o início do governo Trump, esse programa permaneceu ativo, mas enfrentou cortes que ameaçam sua continuidade. A estratégia nacional de calor, lançada em julho pelo governo Biden, foi removida dos sites oficiais da atual administração. Além disso, a Lei de Redução da Inflação (IRA), aprovada com apoio bipartidário, destinou recursos à resiliência climática, incluindo ações contra o onda de calor, mas seu futuro fica incerto diante do cenário político atual.
Preocupação com o futuro da proteção comunitária
Especialistas alertam que, ao retroceder nas políticas e recursos, o país perde a oportunidade de estabelecer uma estratégia sólida para combater os efeitos do calor extremo. “Estávamos apenas começando a avançar na proteção das comunidades — agora estamos recuando,” conclui Turner, refletindo sobre o risco de o país permanecer vulnerável às ameaças climáticas cada vez mais intensas neste verão e além.