O mercado financeiro e o Banco Central esperam uma desaceleração da economia brasileira em 2025, devido ao aumento das taxas de juros adotadas para conter a inflação. A previsão de crescimento do PIB neste ano é de 2,2%, bem abaixo do progresso de 3,4% registrado em 2024, surpreendendo analistas.
Indicadores econômicos apontam desacordo na expansão do PIB
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (16), mostrou uma expansão de 0,2% em abril, na comparação com o mês anterior, ajustado sazonalmente. Apesar de indicar crescimento contínuo, os números revelam uma desaceleração em relação a março, quando a alta foi de 0,7%.
O indicador, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), apresentou quatro meses consecutivos de crescimento. Em relação a abril de 2024, o avanço foi de 2,5%, sem ajuste sazonal, e na parcial do ano, o crescimento atingiu 3,5%. Nos últimos doze meses até abril de 2025, o avanço acumulado foi de 4%.
Impactos dos juros elevados na previsão de crescimento para 2025
Economistas avaliam que o incremento do juro básico, atualmente em 14,75% ao ano, tem freado a atividade econômica e ampliado as projeções de desaceleração. Isso ocorre após seis altas consecutivas na taxa de juros pelo Banco Central, com o objetivo de controlar a inflação, que está na meta de 3%, podendo chegar a 4,5% no limite superior.
Segundo o BC, a expectativa é de que o impacto do juro mais alto começará a refletir com maior vigor na geração de empregos e na atividade econômica ao longo do segundo semestre. A maioria dos analistas acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve interromper o ciclo de alta dos juros na próxima reunião, mantendo o status atual.
Desacordo entre indicadores do BC e o PIB oficial
Embora o IBC-Br seja utilizado para orientar a política de juros, ele nem sempre aproxima-se perfeitamente do crescimento oficial do PIB divulgado pelo IBGE. A metodologia do índice do Banco Central incorpora estimativas de setores específicos e impostos, sem considerar totalmente a demanda agregada, presente no cálculo do PIB.
Essa distinção reforça que o BC monitora diferentes aspectos da atividade econômica, usando o indicador para definir a política de juros, que atualmente visa frear a inflação por meio de juros mais altos e menor crescimento.
Perspectivas futuras e riscos econômicos
Apesar do crescimento surpreendente de 2024, os analistas alertam que a combinação de juros elevados e desaceleração prevista para 2025 pode pressionar o mercado de trabalho e gerar menor dinamismo nos investimentos. A expectativa é de que o impacto dessas medidas se intensifique, desacelerando ainda mais o crescimento previsto para o próximo ano.
A inflação, controle principal das políticas do Banco Central, deve permanecer sob observação, com o BC indicando que, enquanto não houver sinais claros de arrefecimento na atividade, a política monetária deve permanecer rígida. O cenário de desaceleração, portanto, buscará equilibrar a dinâmica de crescimento com a estabilização de preços.