A deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP) se viu no olho do furacão após um post que sugeriu ao rapper Oruam fazer uma “revolução com o pé no chão”. A declaração surgiu após a morte do jovem Herus Guimarães Mendes da Conceição, alvo de uma operação policial no morro Santo Amaro, no Rio de Janeiro, no início deste mês. Hilton foi criticada por muitos seguidores, que apontaram a ligação de Oruam com o tráfico e acusações de homofobia no passado.
Críticas e polêmica nas redes sociais
No seu post, Érika Hilton incentivou Oruam a participar de uma “organização coletiva”, mas recebeu uma enxurrada de comentários negativos. Os críticos lembraram que o rapper é filho de Marcinho VP, um dos líderes da facção Comando Vermelho, e possui uma tatuagem do traficante Elias Maluco, condenado pela morte do jornalista Tim Lopes. Esses antecedentes geraram uma onda de desaprovação em relação à interação da deputada com o artista.
Retratação da deputada
Em resposta à controvérsia, a deputada publicou um vídeo de retratação neste domingo, reconhecendo que “errou no tom” e confessando que “desconhecia completamente todas as problemáticas e complexidades que existiam em torno dele”. Hilton afirmou que sua intenção nunca foi apoiar ou legitimar comportamentos problemáticos de Oruam. “A minha interação com ele, em momento algum, serviu para apoiar, endossar, legitimar ou inocentá-lo de qualquer posição”, disse a parlamentar.
Movimento orquestrado contra Érika Hilton
Hilton também se defendeu das críticas que recebeu e classificou os ataques como um “movimento orquestrado que encontra cúmplices até mesmo entre os oprimidos”, perpetrado por pessoas com intenções maliciosas. Ela considerou que a narrativa construída em torno de sua interação com Oruam era ridícula e distorcida, afirmando que a acusação de que ela teria “ódio de gays brancas” é infundada.
Contexto político e social
Essa controvérsia levanta uma discussão mais ampla sobre a complexidade das relações entre artistas, política e questões sociais no Brasil. O caso de Oruam exemplifica como figuras públicas podem se tornar alvo de críticas intensas, principalmente quando suas histórias e comportamentos anteriores são trazidos à tona. A situação também destaca os desafios enfrentados por parlamentares como Érika Hilton ao tentarem se alinhar com as vozes da periferia, muitas vezes em situações delicadas.
Além disso, a repercussão do caso reflete a polarização política e social atual no Brasil, onde qualquer interação pode ser distorcida ou exagerada para criar narrativas que favorecem barragens ideológicas. A forma como a comunidade LGBT, o tráfico de drogas e a política se entrelaçam é um tema que requer um olhar crítico e cuidadoso, e a atuação de representantes como Hilton é crucial para fomentar debates significativos.
O papel dos artistas nas questões sociais
Por fim, a polêmica envolvendo Érika Hilton e Oruam ressalta a relevância dos artistas no cenário político e social. Embora a arte possa ser uma forma de protesto e expressão das lutas da população, a questão das associações pessoais e os passados conturbados de algumas figuras podem ofuscar suas mensagens. As interações entre artistas e políticos precisam de um cuidado especial para não serem mal interpretadas, ainda mais em um clima social tão tenso.
Assim, a retratação de Érika Hilton serve como um lembrete da necessidade de diálogo e compreensão mútua, não apenas nas redes sociais, mas também nas interações diárias entre políticos, artistas e a sociedade em geral.