O beato Peter To Rot, catequista nativo de Papua-Nova Guiné, fará parte da história da Igreja quando for oficialmente canonizado em 19 de outubro de 2025. A cerimônia foi anunciada no Consistório Ordinário Público do Vaticano, realizado em 13 de junho de 2025, sob o Pontificado do Papa Leão XIV.
A vida de fé e o martírio de Peter To Rot
Nascido em 1912, em Rakanui, na ilha de Nova Bretanha, a história de Peter To Rot é marcada pela fé e pela dedicação ao serviço missionário desde sua infância. Crescido em uma família profundamente religiosa, Peter era um catalisador na evangelização de sua comunidade, graças aos ensinamentos recebidos de seus pais e dos Missionários do Sagrado Coração (MSC).
Sua vida foi um reflexo do amor à Eucaristia, e desde cedo, ele se destacou por seu comprometimento. Por conta disso, aos 18 anos, ingressou na Escola para Catequistas em Taliligap, onde se formou como líder espiritual da comunidade. Para Peter, ser catequista significava ser um missionário que inspira e orienta os fiéis, um papel que ele abraçou com fervor.
O contexto histórico e a resistência à opressão
Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942, Papua-Nova Guiné foi invadida pelo Japão, e o cenário religioso se tornou opressivo. Com os sacerdotes presos, o trabalho pastoral caiu nas mãos dos catequistas. Peter To Rot, guiado por sua fé inabalável, desafiou as autoridades japonesas e continuou seus trabalhos missionários secretamente. Ele reunia fiéis, ministrava batismos e celebrou casamentos, mesmo sob constantes ameaças.
Esse ato de bravura e resistência não passou despercebido. Peter se tornou alvo de uma perseguição intensa, principalmente após se opor à resurreição de práticas tradicionais, como a poligamia. Sua firme defesa do casamento cristão o pôs em conflito com líderes locais, incluindo policiais e juízes, culminando na sua prisão.
A serenidade até o fim
Durante sua detenção, Peter To Rot demonstrou uma serenidade admirável. Ele não se deixou abater pelas circunstâncias adversas, mantendo firme sua adesão aos valores do Evangelho. Em suas últimas horas, repetiu com coragem: “Estou preso por aqueles que quebram seus votos matrimoniais e por aqueles que não querem ver a obra de Deus progredir. Isso é tudo. Devo morrer. Já fui condenado à morte.” Essas palavras ressoam até hoje como um testemunho da sua dedicação à fé.
A brutalidade de seu martírio, em que não se permitiu qualquer compaixão por parte dos algozes, destaca a profundidade de sua vocação e amor por Deus. O beato Peter To Rot é lembrado como um símbolo de fé em tempos de tribulação e uma fonte de inspiração para todos os cristãos.
A expectativa pela canonização
A canonização de Peter To Rot será um marco significativo para a Igreja, não apenas em Papua-Nova Guiné, mas em todo o mundo. Ele é visto como um exemplo de fé vivida em comunidade, e sua história de resistência servirá de lembrança de que, mesmo nas trevas, a luz da fé pode brilhar intensamente.
Os preparativos para a canonização estão em andamento, e a expectativa é que muitos fiéis e líderes da Igreja participem da cerimônia, celebrando a vida e o legado de um verdadeiro mártir da fé.
Ao lado de Peter To Rot, muitos outros catequistas são lembrados por suas vidas dedicadas ao serviço e à evangelização. Seu testemunho é um convite à reflexão sobre o papel dos leigos na missão da Igreja, desafiando todos a comprometerem-se com a fé e com a vivência dos valores cristãos, mesmo diante das adversidades.
Com a canonização, Peter To Rot se junta ao seleto grupo dos que foram reconhecidos como santos pela Igreja, confirmando que sua vida de dedicação e missão não foi em vão.
Em momentos de incerteza e dificuldade, a história de Peter To Rot continua a ser uma luz para muitos que buscam fortalecer sua fé e compromisso com Deus e com os outros.