Em meio a um cenário de tensão e insegurança, a Terra Santa se vê novamente no centro de conflitos que afetam diretamente as populações locais, incluindo os cristãos. O padre Francesco Patton, Custódio da Terra Santa, compartilha suas angústias e as realidades do cotidiano sob o espectro da guerra, manifestando uma dor coletiva que ressoa em cada esquina de Jerusalém.
O peso da guerra nas comunidades cristãs
O sentimento predominante entre os cristãos da região é de medo e incerteza. Como o padre Patton descreve, “neste momento, muitos aqui, e não apenas entre os cristãos, têm o desejo de deixar um país que, nos últimos anos, parece incapaz de garantir a paz”. É uma realidade dolorosa que transforma as ruas da cidade em cenários de desolação, onde o silêncio é interrompido apenas pelo som das sirenes e pelas explosões de mísseis.
Os cristãos, assim como o restante da população, vivem na expectativa constante de um ataque. “Vi o terror nos olhos das crianças durante guerras anteriores como a da Síria”, relata o padre, refletindo sobre as cicatrizes que essas experiências deixam. “As crianças tremem ao ouvirem os alarmes, um trauma que carregarão por toda a vida”. Esse desamparo se reflete na ausência de peregrinos e na dificuldade de ir às igrejas, aumentando a sensação de abandono.
A resposta da Igreja em tempos de crise
O clima de tensão não é uma novidade para os frades que habitam a região. O padre Patton destaca que a instabilidade tem sido uma constante na história da presença cristã na Terra Santa. “Nunca desfrutamos de longos períodos de tranquilidade”, lamenta, relembrando a necessidade de fé e apoio espiritual em tempos difíceis. A presença e o encorajamento de líderes da Igreja, incluindo o Papa Francisco, servem como um alicerce para enfrentar esses desafios.
A participação ativa da Igreja em iniciativas humanitárias também é essencial. Como explica o padre Ibrahim Faltas, vigário custodial, as operações de transferência de crianças feridas de Gaza para hospitais italianos são apenas uma das muitas ações realizadas. “Nosso maior compromisso tem sido trabalhar pela requalificação das escolas e pela educação para a paz”, acrescenta, sinalizando a esperança em meio ao caos.
Os desafios enfrentados pelos frades
Os conventos em áreas urbanas, como Jaffa e Ramle, são especialmente vulneráveis neste contexto. Segundo o padre Patton, “não existem bombas inteligentes”, e ataques indiscriminados colocam todos em risco, independentemente de sua origem étnica ou religiosa. Apesar do perigo, os frades permanecem firmes em sua missão, afirmando que não são mercenários que abandonam o rebanho em momentos de crise. “Estamos aqui para cumprir a missão que a Igreja nos confiou, confiando sempre na ajuda do Céu”, reitera o Custódio.
O fechamento da Basílica do Santo Sepulcro, um dos locais mais sagrados para os cristãos, é um episódio que ilustra a gravidade da situação. A restrição de acesso a esses locais aumenta a sensação de desespero entre os fiéis e reflete a fragilidade da vida religiosa em tempos de guerra.
A esperança em meio ao desespero
Apesar de todas as adversidades, a comunidade cristã na Terra Santa demonstra resiliência. As visitas de bispos e sacerdotes de outras partes do mundo, incluindo Itália, reforçam a solidariedade e o apoio necessários neste momento crítico. “Esses encontros são essenciais para mostrar que não estamos sozinhos”, enfatiza o padre Patton.
Embora os desafios sejam abundantes, a esperança permanece. A perseverança dos frades, a força da fé e o apoio da comunidade global continuam a iluminar o caminho em meio à escuridão. O desejo de paz e segurança é compartilhado por muitos, e cada ato de solidariedade torna-se uma luz na escuridão da guerra.
O relato do padre Patton serve como um poderoso lembrete das realidades enfrentadas pela população local e dos desafios que a Igreja continua a enfrentar na defesa de seus fiéis e na promoção da paz. As palavras dele ressoam através da Terra Santa, clamando por atenção e ação em prol da humanidade que sofre em meio ao conflito.