A Santa Sé apresentou, nesta segunda-feira (16/06), na Sala de Imprensa do Vaticano, um ambicioso plano de sustentabilidade ambiental e energética que abrange a Basílica de São Pedro, o Palácio da Canônica, em Santa Marta, e o Estúdio do Mosaico. Inspirado nos princípios da encíclica “Laudato si’”, o projeto celebra o décimo aniversário de sua publicação e busca oferecer uma abordagem integrada para as questões ecológicas enfrentadas pelo planeta.
Princípios fundamentais do projeto de sustentabilidade
O objetivo central do plano é a redução das emissões de carbono, monitoramento da qualidade do ar e a promoção de boas práticas de vida sustentável, ressaltou Eugenio Murrali, da Vatican News. A Fábrica de São Pedro estabeleceu estes princípios como base do projeto, que já está em vigor desde 2022. Este modelo sustentável não se limita à Basílica, mas se estende a outras áreas importantes ao redor.
De acordo com o cardeal Mauro Gambetti, presidente da Fábrica de São Pedro, o projeto visa transformar a Basílica num espaço de “impacto zero”, promovendo não apenas a acolhida dos visitantes, mas também incentivando uma crescente conscientização ambiental entre os milhões de peregrinos e turistas que passam por lá anualmente. A mensagem é clara: a sustentabilidade não deve ser vista apenas como uma prioridade política, mas como uma obrigação moral diante das crises que o planeta enfrenta.
Desafios globais e a resposta da Santa Sé
O cardeal Gambetti apontou que, apesar das dificuldades atuais enfrentadas mundialmente, como guerras e crises econômicas, as questões climáticas e de sustentabilidade continuam a ser fundamentais nas agendas educacionais e políticas dos países ocidentais. “Estamos vivendo um momento em que a questão ambiental, embora possa parecer secundária, é, na verdade, central para o futuro das civilizações”, afirmou.
Neste contexto, o Vaticano se posiciona como um agente ativo, atuando em diversas frentes, como a mobilidade sustentável com o projeto “Conversão Ecológica 2030” e o “Borgo Laudato si’” em Castel Gandolfo, um laboratório de ecologia integral.
Empoderando a comunidade com boas práticas
O conceito de “emissões líquidas zero” foi reiterado por Walter Ganapini, coordenador do Comitê Científico do Projeto. Este grupo de especialistas internacionais está comprometido com a redução de impactos ambientais através de metodologias avançadas, alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e o Acordo Verde Europeu. Ganapini ressaltou a importância da educação ambiental, destacando que “não podemos permanecer saudáveis em um mundo doente”, referindo-se à necessidade de promover comportamentos sustentáveis entre os visitantes, especialmente durante o Ano Jubilar.
Qualidade do ar: uma prioridade no projeto vaticano
Em 2023, a Enea – Agência Nacional para as Novas Tecnologias, Energia e Desenvolvimento Sustentável, realizou uma análise da qualidade do ar na Basílica de São Pedro, um ponto central do projeto. O professor da Universidade de Bari, Gianluigi De Gennaro, destacou a importância de monitorar a qualidade do ar, especialmente após a pandemia, considerando que a Basílica recebe em média 45 mil visitantes diariamente, com picos de 90 mil. Este aspecto é fundamental para a saúde dos fiéis e a preservação do patrimônio artístico.
Modelo de intervenção no patrimônio cultural
O projeto inclui um sistema de monitoramento dividido em sete locais dentro da Basílica. Sensores avaliarão a concentração de poluentes, como partículas finas e dióxido de carbono, contribuindo para um ambiente seguro para os visitantes. Niccolò Aste, professor do Politécnico de Milão, detalhou as intervenções planejadas, que respeitam a integridade da Basílica. As melhorias planejadas incluem um sistema de ventilação natural e a atualização da iluminação para lâmpadas LED, além de ajustes no aquecimento e refrigeração do Palácio do Mosaico e do Estúdio da Canônica.
O projeto do Vaticano representa um passo significativo em direção a um futuro sustentável, oferecendo um modelo que pode ser replicado em diversos contextos culturais ao redor do mundo. A Santa Sé demonstra, assim, que a fé e a consciência ambiental podem andar lado a lado na busca por um planeta mais saudável.
Para mais detalhes sobre o projeto, acesse o link original.
