Brasil, 16 de junho de 2025
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A confiança está diretamente relacionada à felicidade, aponta estudo

Um novo estudo revela que confiar nos outros pode aumentar significativamente nossa felicidade e bem-estar.

UTRECHT, Países Baixos — Se você deseja se sentir mais feliz e satisfeito com a vida, a resposta pode ser tão simples quanto confiar nas pessoas ao seu redor. Um extenso estudo envolvendo mais de 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo encontrou uma conexão surpreendente: a disposição de confiar nos outros — seja em vizinhos, instituições ou estranhos — tem um impacto profundo em nosso bem-estar mental. E essa relação se mantém constante, da infância até a velhice.

Publicado na Psychological Bulletin, o estudo analisou quase 1.000 pesquisas para traçar um panorama claro de como a confiança e a felicidade estão interligadas. Os resultados mostraram que não apenas confiar nos outros nos torna mais felizes, mas também que estar feliz nos torna mais propensos a confiar. Como afirmaram os pesquisadores: “A confiança e o bem-estar se reforçam mutuamente ao longo do tempo.”

Tipos diferentes de confiança têm efeitos distintos

Pesquisadores da Universidade de Utrecht examinaram três tipos distintos de confiança, cada um com diferentes impactos em nosso bem-estar. A confiança interpessoal, que se refere à fé que depositamos em pessoas que conhecemos, como familiares, amigos e colegas de trabalho, apresentou a conexão mais forte com a felicidade. A confiança generalizada, que diz respeito à confiança básica em estranhos e na humanidade como um todo, ficou em segundo lugar. Já a confiança institucional, ou a confiança em governos, polícias, bancos e outras organizações, mostrou a associação mais fraca com o bem-estar, embora ainda significativa.

O estudo também revelou padrões interessantes sobre diferentes aspectos do bem-estar. A confiança mostrou a conexão mais forte com a satisfação com a vida — aquele sentimento amplo de contentamento com a vida em geral. Sua relação com emoções positivas, como alegria e excitação, era um pouco mais fraca, e a mais fraca de todas foi com sentimentos negativos, como ansiedade e depressão.

A idade muda tudo sobre confiança e felicidade

Talvez o mais surpreendente seja que a conexão entre confiança e felicidade não é consistente entre todos os grupos etários. Crianças, adolescentes e adultos mais velhos mostraram as ligações mais fortes entre confiar nos outros e se sentir bem com a vida. Por outro lado, jovens adultos e pessoas de meia-idade mostraram associações mais fracas.

Para os jovens, os pesquisadores explicam que “formar e manter conexões sociais de apoio é uma das tarefas mais importantes para o desenvolvimento juvenil e, consequentemente, um forte preditor de bem-estar.” A confiança desempenha um papel crucial nesse processo.

Para os adultos mais velhos, a confiança se torna importante novamente, mas por razões diferentes. À medida que as habilidades físicas e cognitivas declinam, os idosos se tornam mais dependentes dos outros para cuidados e apoio. A capacidade de confiar em cuidadores, familiares e instituições se torna essencial para manter o bem-estar. Os pesquisadores destacaram que os idosos priorizam mais as relações existentes, pois estão cada vez mais conscientes do tempo limitado que lhes resta.

Viver em um país de alta confiança faz toda a diferença

Uma das descobertas mais impactantes do estudo foi como a cultura nacional molda a relação entre confiança e felicidade. Em países onde as pessoas geralmente confiam mais umas nas outras, como nas nações nórdicas, a individualidade de ser confiável traz benefícios ainda maiores.

Os pesquisadores descobriram que um alto nível de confiança generalizada a nível nacional reflete a crença dos indivíduos na “capacidade de um país de proporcionar um ambiente social seguro, próspero e cooperativo para seus cidadãos.” Viver em tal ambiente amplifica os benefícios psicológicos da confiança individual.

Se você é uma pessoa naturalmente confiável vivendo em uma sociedade de baixa confiança, pode não colher os mesmos benefícios à saúde mental que alguém com a mesma disposição vivendo em um lugar com maior coesão social.

O ciclo de feedback entre confiança e felicidade

Um dos principais ensinamentos do estudo foi estabelecer que a confiança e a felicidade se alimentam mutuamente ao longo do tempo. Usando dados que seguiram as mesmas pessoas ao longo de vários anos, os pesquisadores puderam mostrar que confiar nas pessoas leva a uma maior felicidade, e pessoas felizes se tornam mais confiantes.

Esse mecanismo faz sentido psicológico: quando estamos de bom humor, tendemos a ver o mundo de maneira mais otimista, interpretando situações ambíguas de forma mais benevolente e dando aos outros o benefício da dúvida. Por outro lado, quando confiamos nos outros, é mais provável que nos envolvamos socialmente, construindo relacionamentos de apoio e criando as condições que promovem a felicidade.

Em uma era marcada pela queda da confiança institucional e pela crescente polarização social, a pesquisa oferece tanto advertências quanto esperanças. À medida que a confiança diminui, nosso bem-estar coletivo também pode diminuir. Contudo, entender que a confiança e a felicidade podem se reforçar mutuamente significa que investimentos na construção de comunidades mais confiáveis podem trazer dividendos em saúde mental pública para gerações futuras.

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