Brasil, 16 de junho de 2025
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Perigo nas prateleiras: o retorno do “herói do posto” nos EUA

Nos últimos anos, a venda de pequenos frascos coloridos, muitas vezes encontrados em postos de gasolina e lojas de conveniência, tem levantado sérias preocupações entre autoridades de saúde nos Estados Unidos. Conhecidos como “herói do posto” devido aos seus efeitos potencialmente perigosos, esses produtos geralmente são rotulados como energéticos ou suplementos cognitivos, mas contêm tianeptina — um medicamento não aprovado que pode ser viciante e que apresenta riscos de efeitos colaterais graves.

O que é o “herói do posto” e como ele está se espalhando?

Tianeptina é uma substância aprovada em alguns países estrangeiros como antidepressivo, geralmente na forma de comprimidos de baixa dose administrados três vezes ao dia. No entanto, ela nunca recebeu aprovação da FDA (Administração de Medicamentos e Alimentos dos EUA) para qualquer condição médica. Segundo as autoridades, a venda de tianeptina nos EUA é ilegal; não pode ser adicionada a alimentos ou bebidas, nem comercializada como suplemento dietético. Apesar dos avisos da FDA, empresas têm explorado uma área cinza de regulamentação e vendem tianeptina sob marcas como Zaza, Tianaa, Pegasus e TD Red.

A Dra. Diane Calello, do Sistema de Informação e Educação sobre Venenos de Nova Jersey, explica que isso gera um “tipo de cinza nos produtos de consumo, onde os conteúdos não são regulados ou testados da mesma forma que um medicamento”. Um estudo publicado por sua equipe documentou uma série de chamadas de emergência relacionadas a um elixir saborizado chamado Neptune’s Fix, que resultou em sintomas graves como batimentos cardíacos acelerados e convulsões, levando muitos pacientes a requerer cuidados intensivos.

Motivos para o uso de produtos com tianeptina

Várias marcas de tianeptina afirmam, sem evidências e sem aprovação do FDA, que ajudam a tratar condições como vício, dor e depressão. Em 2018, a FDA enviou uma carta de advertência a um fabricante de um produto chamado Tianna, que alegava ser uma “solução ímpar para os anseios por opiáceos”. Embora a tianeptina não seja um opióide, ela se liga a alguns dos mesmos receptores do cérebro, o que pode produzir temporariamente efeitos semelhantes à oxicodona, um opiáceo. Ela também pode causar depressão respiratória, um risco físico significativo.

A Dra. Hannah Hays, do Hospital Infantil Nationwide em Columbus, Ohio, destaca que “isso tende a colocar as pessoas em dificuldades”, referindo-se ao uso da tianeptina para criar efeitos semelhantes aos dos opiáceos ou para tratar a abstinência de opiáceos. As pessoas que lidam com vícios, dor ou outras condições devem buscar a ajuda de profissionais de saúde para obter tratamentos aprovados pela FDA.

O aumento no uso e nas emergências relacionadas à tianeptina

Embora não haja certeza sobre o número crescente de usuários, as estatísticas nacionais apresentam um aumento significativo nas chamadas de emergência envolvendo tianeptina. De 2018 a 2023, as ligações para centros de controle de venenos aumentaram 525%. Em torno de 40% desses casos exigiram atendimento médico, com mais da metade deles necessitando de cuidados críticos.

Uma explicação para esse crescimento pode ser simplesmente o aumento do uso desses produtos. Contudo, especialistas acreditam que a potência crescente e a natureza perigosa dos produtos estão também gerando mais emergências. Pesquisadores associados ao elixir Neptune’s Fix descobriram que ele continha canabinoides sintéticos e outras drogas, o que agrava a situação.

Legislação e políticas para reduzir o uso da tianeptina

Atualmente, a tianeptina não está incluída na Lei de Substâncias Controladas do governo federal, que restringe drogas sem uso médico ou com alto potencial para abuso. No entanto, cerca de uma dúzia de estados, incluindo Alabama, Georgia e Tennessee, já aprovaram leis que proíbem ou restringem seu uso. Em alguns casos, essas leis resultaram em aumentos nos casos de abstinência entre usuários, uma vez que a tianeptina pode ser quimicamente viciante. Entretanto, há dados mostrando que a legislação tem sido efetiva na redução de danos relacionados ao uso da tianeptina, como ocorrido em Alabama, onde as chamadas começaram a diminuir após a imposição de restrições.

É crucial que a população esteja ciente dos riscos envolvidos no uso de produtos que contêm tianeptina. As autoridades de saúde reiteram a importância de buscar opções seguras e aprovadas para tratamento em vez de recorrer a substâncias potencialmente perigosas. O alerta é claro: onde há fumaça, há fogo, e os riscos associados ao “herói do posto” são uma chama que pode queimar quem menos se espera.

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