Os Estados Unidos e a China continuam em uma intensa guerra comercial, com negociações recentes em Londres indicando que a trégua pode se manter, embora sem prazo definido. Enquanto isso, as duas maiores economias do mundo apresentam diferentes dinâmicas de crescimento e desafios econômicos, com destaque para os indicadores de 2024.
Economia dos EUA e China: comparação dos principais indicadores
PIB em valores correntes
Em 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA foi de US$ 29,2 trilhões, enquanto o da China alcançou US$ 18,3 trilhões, segundo dados recentes. Apesar da diferença de 60%, o avanço da economia chinesa de 5% no ano e o de 2,8% dos EUA refletem cenários distintos de crescimento, com a China mantendo um ritmo mais estimulante.
O professor Roberto Dumas, especialista em economia chinesa do Insper, explica que o crescimento chinês é impulsionado por ações do Estado, adotando um “capitalismo de Estado” que garante planejamento de longo prazo e ações estratégicas para evitar tensões sociais — como o aumento na produção de veículos elétricos e baterias.
PIB per capita
O PIB per capita dos EUA, indicador que mede a produção média por habitante, foi de US$ 85,8 mil em 2024. Já na China, esse valor chegou a US$ 27,1 mil. Essa diferença é consequência da grande disparidade populacional, com a China tendo 1,4 bilhão de habitantes, enquanto os EUA possuem 340 milhões.
Dumas pontua que a produtividade americana é maior, impulsionada por inovação e eficiência, contrastando com um perfil chinês que ainda depende mais de trabalho e produção em larga escala.
População e desafios demográficos
A população dos EUA em 2024 chegou a 340 milhões, enquanto a chinesa atingiu 1,4 bilhão. Os cenários futuros indicam aumento na população americana e leve queda na chinesa, que enfrenta envelhecimento populacional devido às políticas do filho único. Essa condição obriga o governo chinês a promover a natalidade, via benefícios e maior oferta de filhos.
Taxa de desemprego e inflação
Nos EUA, a taxa de desemprego foi de 4% em 2024, enquanto na China ficou em 5,1%. O regime chinês, que considera apenas a população urbana na estatística, mantém uma política de estímulo ao emprego mais ativa, enquanto o país também enfrenta a ameaça de baixa inflação — de 0,2% — por conta do baixo consumo interno e crise imobiliária.
A inflação nos EUA ficou em 3%, refletindo desafios na política monetária, com o Federal Reserve buscando atingir a meta de 2%. Na China, a inflação baixa tem relação com o excesso de produção e baixa demanda, elevando riscos de desaceleração econômica.
Balança comercial
Os EUA exportaram US$ 144,5 bilhões em bens para a China em 2024, enquanto a China enviou US$ 439,7 bilhões para os norte-americanos, gerando um déficit de US$ 295,2 bilhões. A estratégia de tarifas dos EUA, impulsionada pelo então presidente Donald Trump para reduzir esse déficit, mostra-se pouco eficaz, dado que a China precisa vender ao exterior o excedente de sua produção.
Segundo Dumas, a escalada da guerra tarifária não traz vencedores. “É um jogo de soma zero que prejudica ambos os lados”, afirma, ressaltando que a relação de dependência mútua torna difícil a resolução do conflito comercial.
Cenário futuro e impactos globais
Embora a guerra comercial continue, a tentativa de aproximação sinaliza uma busca por estabilidade, embora os efeitos das tensões ainda sejam sentidos globalmente. A recuperação econômica, o ritmo de crescimento e o equilíbrio entre consumo, investimento, e comércio internacional permanecem como pontos-chave para o cenário econômico mundial.
Para entender melhor a dinâmica entre as duas maiores economias do planeta, confira o infográfico disponível no g1.