O presidente Donald Trump afirmou nesta terça-feira que iniciará o processo de “eliminar” a Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (FEMA) ao final da temporada de furacões de 2024, reduzindo os recursos federais destinados a desastres naturais. A medida inclui transferir qualquer ajuda federal diretamente para o gabinete presidencial, ao contrário do procedimento atual, e reforça a ideia de que estados devem arcar com seus próprios custos de recuperação.
Intenção de desmantelar a FEMA e suas justificativas
Durante coletiva na Casa Branca, Trump criticou a atuação da FEMA no recente episódio de furacão Helene, que causou cerca de US$ 78,7 bilhões em prejuízos em seis estados, segundo o National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA). “A FEMA não tem sido uma experiência bem-sucedida, cara e ineficiente”, afirmou o presidente, que também declarou que os recursos já fornecidos ao órgão serão substituídos por verbas do governo direto.
Ele defendeu que os governadores estaduais sejam responsáveis pelas respostas a desastres, dizendo que “se um estado, por exemplo, for atingido por um furacão ou tornado, o governador deveria ser capaz de lidar com isso”. E acrescentou: “Se eles não conseguem, talvez não devam ser governador”.
Reações estaduais e controvérsias
Governadores de estados altamente afetados, especialmente Texas e Flórida, reagiram com ceticismo ou críticas às propostas de Trump. O governador do Texas, Greg Abbott, cujo estado enfrenta uma média de 13,6 eventos climáticos severos por ano — mais do que o triplo dos anos anteriores —, afirmou que sua equipe está preparada para qualquer desastre, destacando a força do sistema local de gerenciamento de emergências.
“Eliminação da FEMA seria uma catástrofe artificial; precisamos da agência para enfrentar desastres naturais. O melhor é aprimorá-la para que esteja pronta para o futuro”, declarou um porta-voz do governo do Texas a HuffPost.
Por outro lado, a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, apoiou a visão de Trump, dizendo que retirar a FEMA daria mais autonomia aos governadores na resposta a emergências. “As pessoas são responsáveis por responderem às suas comunidades mais próximas”, afirmou.
Histórico de gastos e impactos das operações de FEMA
Desde 2005, os gastos anuais do Fundo de Assistência a Desastres (DRF), do qual a FEMA é financiada, saltaram de aproximadamente US$ 5 bilhões para uma média de US$ 16,5 bilhões, impulsionados por eventos extremos, incluindo furacões severos e a pandemia de Covid-19, segundo o Congressional Budget Office (CBO). Nos últimos 20 anos, cinco dos maiores desastres naturais dos EUA tiveram perdas superiores a US$ 1 bilhão, com o furacão Helene — que levou à sétima maior despesa, de US$ 78,7 bilhões — figurando entre eles.
Especialistas em desastre alertam que a retirada total da FEMA poderia prejudicar seriamente a coordenação de resgates e recuperação, além de colocar em risco a eficiência das ações de socorro e o gerenciamento de crises futuras.
Perspectivas e próximos passos
O governo anunciou que publicará uma medida provisória nos próximos dias detalhando a transição da gestão de desastres para o âmbito federal direto. Analistas questionam a viabilidade de a estrutura estadual sozinho conseguir substituir uma operação coordenada pelo federal, especialmente em eventos de grande escala.
A temporada de furacões, que vai de 1º de junho a 30 de novembro, permanece sob alta previsão de atividade acima da média, com NOAA indicando uma chance de 60% de eventos intensos. Assim, a estratégia de gerenciamento de desastres para os próximos anos continua sendo pauta de intensos debates políticos e técnicos.