O ex-presidente Donald Trump afirmou nesta terça-feira que planeja iniciar a fase de dissolução da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (FEMA) ao final desta temporada de furacões e reduzir o financiamento federal destinado a desastres. A decisão gera debate enquanto os estados reforçam a importância da agência na resposta a calamidades naturais.
Reformas na gestão de desastres e críticas à FEMA
Trump declarou que a FEMA “não tem sido uma experiência muito bem-sucedida” e que suas operações são “caras e ineficazes”, durante entrevista na Casa Branca. Ele criticou a resposta da agência ao furacão Helene, que causou cerca de US$ 78,7 bilhões em danos em seis estados, segundo a NOAA. O ex-presidente afirmou que, no futuro, qualquer auxílio federal deve vir diretamente do gabinete presidencial, embora ainda não tenha detalhado quem gerenciará esses recursos.
Ele reiterou sua posição de que os estados devem arcar com os custos da recuperação: “Se um estado, por exemplo, for atingido por um furacão ou tornado e o governador não conseguir lidar com as conseqüências, talvez ele não devesse ser governador”.
Reação dos governadores e especialistas
Governadores de estados frequentemente atingidos por desastres, como Rick Scott da Flórida e Greg Abbott do Texas, defenderam a importância da FEMA. O porta-voz do Texas afirmou que a operação de emergência do estado é “a mais forte do país”, e que sua administração está preparada para qualquer emergência.
Segundo dados da NOAA, o Texas experimentou uma média anual de 13,6 eventos climáticos ou meteorológicos desastrosos nos últimos cinco anos, mais do dobro do período anterior. Já o governador North Carolinense, Josh Stein (D), criticou a proposta de Trump, defendendo a ideia de “melhorar” a FEMA, não de destruí-la.
Impacto financeiro e histórico das ações federais
O Fundo de Auxílio para Desastres (DRF), principal fonte de financiamento da FEMA, teve seus gastos anuais mais que triplicados desde 2005, impulsionados por eventos severos como os furacões Katrina, Rita e Wilma. Antes disso, a média de gastos era de cerca de US$ 5 bilhões anualmente, conforme o Congressional Budget Office (CBO).
Desde 1980, a Texas registrou 190 eventos climáticos com perdas superiores a US$ 1 bilhão, a maioria de ciclones tropicais, destacando a crescente necessidade de assistência em desastres de grande escala.
Perspectivas para o futuro e resistência local
Ao anunciar a intenção de desmantelar a FEMA, Trump sugere que os estados devem assumir maior responsabilidade na resposta a emergências, papel que já desempenham atualmente. A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, reforçou que a autonomia estadual é essencial: “As pessoas respondem por suas próprias comunidades.”
Enquanto isso, especialistas e líderes estaduais alertam que retirar a FEMA pode deixar comunidades menos preparadas e mais vulneráveis diante de futuras crises. A discussão sobre reformar, e não eliminar, a agência continua em diversas esferas governamentais.
A proposta de Trump ainda não detalhou como será a transição e quem assumirá os encargos atualmente sob a FEMA. O impacto dessa mudança, caso seja implementada, será avaliado nas próximas semanas, enquanto os meteorologistas preveem uma temporada de furacões acima da média em 2025.