O presidente Donald Trump anunciou nesta terça-feira que planeja iniciar a fase de encerramento da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (FEMA) ao término da atual temporada de furacões, além de reduzir os recursos federais destinados à ajuda em desastres naturais. A medida provocou críticas de autoridades estaduais e especialistas em gerenciamento de crises.
Proposta de descontinuação da FEMA e centralização de recursos
Durante pronunciamento na Casa Branca, Trump afirmou que a FEMA tem sido uma “experiência malsucedida”, responsável por gastos elevados e por seu desempenho questionado na resposta ao Furacão Helene, que causou aproximadamente US$ 78,7 bilhões em danos em seis estados, de acordo com a NOAA. Segundo o presidente, ajuda federal de desastres passará a ser enviada diretamente do Departamento do White House, embora ainda não esteja claro quem coordenará esses esforços.
O anúncio reforça a postura do governo de que os estados devem assumir maior responsabilidade na gestão de desastres. Trump destacou que, se um estado não consegue lidar com as consequências de eventos como furacões ou tornados, talvez “não devesse ser governado”.
Reação de governadores e especialistas ao projeto de Trump
Governadores de diferentes estados reagiram com ceticismo ou oposição às propostas. O governador do Texas, Greg Abbott, cujo estado registra uma média anual de 13,6 desastres climáticos nos últimos cinco anos — mais do que o triplo de anos anteriores —, afirmou que a operação de emergência texana é uma das mais fortes do país. “Eliminarem a FEMA seria um desastre causado pelo homem. Precisamos da FEMA para responder a desastres naturais”, declarou seu porta-voz, Andrew Mahaleris.
Já o governador democrata de North Carolina, Josh Stein, solicitou que a FEMA seja “consertada”, e não destruída, reforçando a importância de uma coordenação eficiente. Ele destacou que a assistência oficial é fundamental para sua recuperação após o impacto do Furacão Helene.
Lesões e gastos crescentes com desastres
Dados da CBO (Congresso) mostram que os gastos federais em ajuda a desastres, financiados pelo Fundo de Assistência a Desastres (DRF), cresceram expressivamente desde 2005, quando o valor médio anual era de cerca de US$ 5 bilhões. Atualmente, esse gasto ultrapassa US$ 16,5 bilhões por ano, impulsionado por eventos severos como furacões, enchentes, incêndios e terremotos.
A NOAA informa que, na história recente, os cinco desastres mais caros já registrados nos EUA ocorreram nos últimos 20 anos, com o furacão Helene figurando entre os sete mais onerosos, causando bilhões em prejuízos em seis estados. Especialistas apontam que o aumento dos gastos se deve também ao aumento da intensidade e frequência dessas calamidades.
Implicações e próximos passos
A iniciativa de Trump, segundo especialistas, representa uma mudança radical na política de gestão de desastres nos EUA, reforçando a autonomia dos governos estaduais, mas arriscando uma eventual resposta menos coordenada em situações críticas. Governos estaduais já alertaram que a eliminação da FEMA poderia agravar a eficiência na preparação e resposta às crises.
O governo anunciou que publicará uma medida provisória detalhando as novas operações, com expectativa de implementação dos recursos diretos do White House durante o próximo ciclo de furacões. Analistas destacam que esse movimento pode gerar uma série de debates sobre a capacidade e a responsabilidade na administração de desastres no país, especialmente diante de um cenário de aumento na frequência de eventos extremos.
Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost.