Uma tragédia abalou a comunidade do morro Santo Amaro depois que Herus Guimarães Mendes da Conceição, de 23 anos, foi assassinado durante uma festa junina. O ocorrido, que resultou em sua morte e deixou outros cinco feridos, gerou um clamor por justiça e um intenso debate sobre a atuação da polícia nas comunidades cariocas. Os pais de Herus, Mônica e Fernando, compartilham sua dor e indignação, ressaltando a imagem do filho como um jovem comum, longe das narrativas que tentam criminalizá-lo.
Reflexos do luto na vida familiar
A dor pela perda de Herus é palpável na rotina dos pais. Fernando, o pai, declarou que a família não consegue mais passar perto do local onde o filho foi baleado. “É muita dor, de verdade. A minha esposa já teve força, já conseguiu olhar pelo menos aonde ele foi atingido”, comentou Fernando. O sentimento de luto torna-se ainda mais intenso quando vislumbram as memórias ligadas ao incidente. A operação policial que culminou na morte de Herus ocorreu no dia 7 de junho e, desde então, a família vem lutando contra a dor e as imagens associadas ao lugar onde perdeu seu filho.
A criminalização do jovem e a luta por justiça
Após a tragédia, imagens de Herus fumando maconha começaram a circular nas redes sociais, levantando rumores sobre supostas conexões com o tráfico de drogas. Mônica e Fernando rechaçam esses boatos com veemência. “Nosso filho usava maconha sim. Só que nós moramos numa comunidade. Pessoas que decidiram ir para esse caminho nós conhecemos. E eu não deixo de cumprimentar, porque são pessoas. Usar é uma coisa, pertencer ao tráfico é outra”, esclareceu Fernando, frisando a diferença entre o uso recreativo e o envolvimento com atividades criminosas. Mônica completou: “Não tem mais por onde eles querem prejudicar a imagem do meu filho. Essas fotos não dizem nada.”
O impacto da tragédia na comunidade
A operação do BOPE não apenas vitimou Herus, mas também deixou outro jovem de 16 anos ferido, com uma bala alojada em seu corpo e trauma psicológico. A família de Herus destaca que muitos na comunidade estão traumatizados pelo que aconteceu, a ponto de evitar festividades como as danças da quadrilha junina, que antes eram uma expressão de cultura e união.
Investigação em andamento
A Delegacia de Homicídios da Capital e o Ministério Público estão à frente das investigações sobre o caso. Os 12 policiais envolvidos na operação foram afastados e ouvidos. Um deles, o sargento Daniel Sousa da Silva, admitiu ter disparado 20 tiros em resposta a disparos de traficantes, contradizendo as informações iniciais do PM, que afirmavam que não houve tiros naquela noite.
A análise pericial será crucial para determinar a origem dos disparos que atingiram Herus. Um projétil de fuzil foi retirado de seu corpo e será confrontado balisticamente com as armas dos policiais presentes na operação.
A tragédia que se abateu sobre a família de Herus Guimarães Mendes da Conceição expõe não apenas a dor de perder um filho, mas também as complexidades de viver em meio à violência e às injustiças sociais nas comunidades cariocas. Enquanto isso, os pais clamam por justiça e mudanças efetivas que possam prevenir a repetição de tragédias semelhantes no futuro.