As mensagens da conta de Instagram “@gabrielar702”, que, segundo a revista Veja, foi utilizada pelo ex-ajudante de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, para criticar sua delação premiada e o Supremo Tribunal Federal (STF), agora dão novo ânimo às defesas de diversos réus envolvidos na trama golpista. Essa situação revela não apenas a dinâmica dos processos judiciais em curso, mas também a importância das redes sociais no contexto político brasileiro.
A nova estratégia de defesa
Advogados que anteriormente previam uma derrota acachapante no STF agora avaliam que existe um caminho para defender seus clientes através da descredibilização das palavras de Cid. Essa abordagem parece estar sendo adotada, por exemplo, pelas defesas de Jair Bolsonaro e do general Walter Braga Netto. As recentes movimentações jurídicas indicam que a defesa está atenta às oportunidades que surgem a partir das mensagens atribuídas ao tenente-coronel.
Na noite de sexta-feira (13), o ministro Alexandre de Moraes determinou que a empresa Meta fornecesse, em 24 horas, dados cadastrais, logins vinculados e mensagens enviadas da conta de Instagram atribuída a Cid. Logo após essa decisão, os advogados de Braga Netto apresentaram uma nova petição, solicitando informações complementares do perfil, como IP, data, hora e geolocalização da criação da conta, histórico de acessos e dispositivos usados, além de alterações no nome e foto do perfil.
A importância dos dados digitais na defesa
A defesa de Braga Netto argumentou que “também é de interesse desta Defesa que a situação seja efetivamente esclarecida e investigada, considerando que pode vir a corroborar as irregularidades já expostas do acordo de colaboração”. Esta petição reflete a crescente importância que os dados digitais e a análise de mensagens em redes sociais têm adquirido no âmbito jurídico.
Os advogados de Bolsonaro também mostraram que explorariam o tema no processo durante o depoimento de Cid, que ocorreu na segunda-feira (9), no STF. O representante do ex-presidente, Celso Vilardi, perguntou ao tenente-coronel se ele havia falado da delação por meio de um perfil no Instagram “que não está no nome dele”. Cid respondeu negativamente, mas a insistência de Vilardi trouxe à tona a conta “@gabrielar702”.
A pergunta seguia um padrão que já se tornou comum nas investigações atuais: É possível traçar conexões entre as mensagens e os réus que estão sendo investigados? O tenente-coronel Cid hesitou ao responder sobre a conta, afirmando que “não sabe se é da minha esposa, mas Gabriela é o nome da minha esposa”. Essa declaração, à primeira vista inocente, parece ser vista como uma linha de defesa pelos advogados que buscam deslegitimar as informações coletadas.
A relação com os celulares apreendidos
Antes de responder sobre a conta de Instagram, Cid havia negado ter conversado com jornalistas ou outras pessoas envolvidas na investigação sobre sua delação, afirmando que todos os seus celulares e computadores foram apreendidos pela Polícia Federal e “revirados de ponta cabeça”. Esse detalhe pode ser interpretado como uma tentativa de minimizar a importância das conversas supostamente realizadas através das redes sociais, mas também revela uma tensão crescente no meio do processo.
Repercussão nas redes sociais e na política
Os diálogos de Cid no Instagram, segundo informações da Veja, teriam ocorrido com uma pessoa muito próxima de Bolsonaro entre os meses de janeiro e março de 2024. A verdade por trás desses diálogos e como eles serão utilizados nas defesas ainda está por ser totalmente revelada, mas o impacto já se faz notar com a dinâmica que está se formando nos tribunais e nas redes sociais.
Essa situação exemplifica como a interação nas redes sociais pode influenciar não apenas a percepção pública, mas também os processos judiciais. As defesas de Bolsonaro e Braga Netto estão atentas a todas as nuances e vão explorar cada aspecto que possa reverter a situação a favor de seus clientes.
À medida que os eventos se desenrolam, será vital acompanhar a evolução dessas defesas e o papel que as mídias sociais continuarão a desempenhar no cenário político do Brasil.
