A herdeira de Walmart Christy Walton, de 76 anos, pagou uma página no New York Times para estimular protestos contra o desfile militar comandado pelo ex-presidente Donald Trump, marcado para este sábado, e seus apoiadores estão em choque. A publicação traz uma mensagem incentivando o engajamento cívico e criticando o gasto do evento, que deve movimentar milhões de dólares.
Walton e a campanha de protesto “No Kings”
A campanha, denominada “No Kings”, foi liderada por Walton, que herdou uma participação de 1,9% na Walmart após a morte de seu marido, John Walton. A mensagem veiculada na semana passada afirmou que “a honra, dignidade e integridade do país não estão à venda”. Este é o segundo anúncio semelhante que ela faz na publicação em poucos meses.
Segundo a Forbes, Walton usou de sua influência para convencer críticos de Trump a se mobilizarem contra o desfile, considerado por muitos como um gasto excessivo com dinheiro público. A iniciativa gerou forte repercussão entre apoiadores do ex-presidente, que passaram a promover boicotes à rede de supermercados.
Reação dos apoiadores de Trump nas redes sociais
Pessoas como a influenciadora de extrema-direita Laura Loomer e a assessora da Casa Branca, Kari Lake, passaram a atacar Walton, questionando o apoio dela a protestos e defendendo o desfile como uma tradição nacional. O deputado federal Anna Paulina Luna também criticou a herdeira, chamando a atenção para uma suposta insteadência relacionada às suas opiniões públicas.
Na plataforma X (antigo Twitter), contas conservadoras convocaram ao boicote à Walmart, acusando a empresa de se posicionar contra os valores americanos tradicionais. Um porta-voz da Walmart declarou à HuffPost que as mensagens de Walton representam opiniões pessoais e que a companhia nada tem a ver com as ações dela, reforçando o compromisso com a segurança de funcionários e clientes.
Controvérsia e medidas da Walmart
O CFO da Walmart, David Rainey, alertou para possíveis aumentos de preços devido às tarifas de Trump, mas a empresa reafirmou sua neutralidade quanto ao anúncio de Walton, destacando que ela não participa das decisões corporativas. Além disso, a cadeia reforçou o compromisso de condenar a violência, especialmente nos protestos ocorridos em Los Angeles, onde Trump chegou a acionar a Guarda Nacional.
Na coletiva, a porta-voz da Walmart afirmou que a mensagem de Walton tinha o objetivo de promover debate civilizado e participação comunitária, sem qualquer vínculo financeiro com grupos de protesto ou movimentos organizados.
Impacto político e o clima de tensões
O episódio ocorre em um momento de alta tensão política nos EUA, com ameaças de Trump a manifestantes e a possibilidade de força extrema contra quem desejar protestar contra o desfile. Ele já havia ameaçado usar “ força muito pesada” para conter manifestações contra seu evento militar.
Analistas consideram que as manifestações de Walton e as reações subsequentes evidenciam a polarização no país, em que ações individuais podem transformar-se em símbolos de debates mais amplos sobre limites de expressão e engajamento democrático.
O cenário promete continuar aquecido, com debates acalorados nas redes sociais e pressões internas na Walmart acerca de posicionamentos políticos e responsabilidade social.