Uma página publicitária paga por Christy Walton, herdeira da Walmart, no The New York Times, desencadeou uma controvérsia entre apoiadores de Donald Trump, que convocam boicote à rede de lojas após a empresária incentivar protestos contra o presidente dos Estados Unidos. A manifestação marcada para o sábado faz parte das ações contra o custo do desfile militar planejado pelo governo.
Reação de apoiadores de Trump e impacto na Walmart
A publicidade de Walton, de 76 anos, criticava o que ela chamou de “falta de honra, dignidade e integridade” em relação às ações de Trump e às prioridades de seu governo, incluindo o desfile militar. Influenciadores de extrema-direita, como Laura Loomer e a assessora da Casa Branca Kari Lake, saíram em defesa do mandatário, atacando Walton e pedindo boicote à Walmart, cuja imagem foi envolvida na controvérsia.
Segundo reportagem da Forbes, Walton possui uma participação de 1,9% na cadeia varejista, herdada do falecido marido, John Walton, e é uma das mulheres mais ricas dos EUA. A empresa afirmou que as publicações de Walton representam uma manifestação pessoal, sem ligação oficial com a Walmart, frisando que a empresária não participa das decisões estratégicas da companhia.
Contexto político e econômico
Nos últimos meses, a Walmart tem enfrentado aumento de preços devido às tarifas impostas pelo governo Trump, sinalizado por seu diretor financeiro em entrevista à CNBC. A empresa já alertou investidores de que a inflação nos preços pode atingir consumidores em maio e junho, afetando também a imagem da marca entre seus clientes mais fiéis.
Walton, por sua vez, reforçou que seu objetivo ao pagar pelo anúncio foi incentivar diálogo pacífico e participação cívica. Em uma nota enviada ao HuffPost, um porta-voz afirmou que ela busca promover “o engajamento pacífico, o respeito às diversas opiniões e a participação na vida comunitária”.
Crise na polarização e manifestações de violência
Apesar do chamamento ao civismo, o clima político nos EUA permanece tenso. O próprio Trump, em momentos anteriores, já usou força policial para dispersar protestos durante suas gestões, chegando a ameaçar que qualquer manifestação contra o desfile militar seria enfrentada com “força pesada”.
Neste cenário, apoiadores de Trump veem nas ações de Walton uma afronta às suas convicções, resultando em uma campanha de boicote nas redes sociais, impulsionada por figuras como Libs of Chicago, com forte alcance na online conservadora. A Walmart enfrenta, assim, uma crise de imagem ligada à polarização política.
Próximos passos e perspectivas
O incidente evidencia a crescente divisão na opinião pública americana, onde manifestações civis emergem como símbolos de oposição ao governo. Especialistas apontam que o impacto econômico de um boicote prolongado à Walmart dependerá da adesão dos consumidores às ações de protesto e do posicionamento institucional da empresa frente aos conflitos.
Por ora, a Walmart reforçou sua posição “de neutralidade política em ações pessoais de seus acionistas”, ao mesmo tempo em que trabalha para manter o equilíbrio entre seus valores corporativos e as pressões políticas de um país altamente polarizado.