O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a condenar as ações militares de Israel em meio à escalada de conflito no Oriente Médio. Ao mesmo tempo, o Palácio do Planalto enfrenta pressões internas para suspender relações comerciais com o Estado israelense, especialmente no que diz respeito à exportação de armamentos.
Recentes ataques de Israel e as reações internacionais
Durante a madrugada de sexta-feira (13/6), Israel lançou um ataque contra instalações nucleares do Irã. Segundo as Forças de Defesa de Israel (FDI), tratou-se de uma ação “preventiva”. O governo também sinalizou que este pode ser apenas o início de uma campanha contra o Irã. Os Estados Unidos negaram participação na ação, enquanto o Irã anunciou que irá retaliar.
Nesta sexta, o governo brasileiro publicou uma nota na qual condena a ofensiva israelense e alega que o novo ataque pode ampliar as tensões para toda a região. “Os ataques ameaçam mergulhar toda a região em conflito de ampla dimensão, com elevado risco para a paz, a segurança e a economia mundial. O Brasil insta todas as partes envolvidas ao exercício da máxima contenção e exorta ao fim imediato das hostilidades”, diz a nota do Itamaraty.
Entenda o que está acontecendo
- Israel lançou uma ofensiva em grande escala contra o Irã na quinta (12/6). O ataque atingiu a cidade de Teerã e outras áreas estratégicas, deixando 78 mortos e mais de 300 feridos. Um dos mortos é Hossein Salami, comandante da Guarda Revolucionária Islâmica (GRI).
- O Irã chamou a ofensiva israelense de “declaração de guerra”. O líder supremo Ali Khamenei prometeu retaliação: “Israel preparou para si um destino amargo”.
- Em resposta ao ataque de Israel, o Irã lançou mais de 100 mísseis contra o território israelense.
- A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) condenou os ataques como “profundamente preocupantes”.
Lula tem defendido, em diferentes momentos, o fim do conflito no Oriente Médio e a criação de um Estado palestino a partir do diálogo. O Brasil, inclusive, apresentou uma resolução de paz relacionada à crise humanitária na Faixa de Gaza no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), no entanto, o documento foi rejeitado.
O papel do Brasil como mediador internacional
O presidente brasileiro tem tentado o protagonismo internacional na resolução de conflitos armados. Lula chegou a se apresentar como um mediador na guerra entre Rússia e Ucrânia. Em maio, antes de viajar à Rússia, ele telefonou para o presidente Vladimir Putin e pediu o fim da guerra na Ucrânia. “Eu tive a petulância de um dia ligar para o presidente Putin e dizer: pare com essa guerra e volte para a política, porque a política tá precisando muito de mudar o debate pelo crescimento da extrema-direita radicalizada nazista no mundo inteiro”, declarou Lula na época.
Com a postura de mediador, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tem tentado uma aproximação com o chefe do Palácio do Planalto. O líder ucraniano chegou a pedir um encontro bilateral com Lula durante a reunião do G7, que reúne as sete maiores economias do mundo, que ocorre no Canadá na semana que vem. Contudo, o encontro entre os dois ainda não está certo.
Pressões internas e a questão das exportações
Já no caso das incursões militares de Israel no Oriente Médio, Lula tem sido cobrado até mesmo por correligionários para abandonar as relações entre Brasil e Israel. Um dos pontos de crítica seria a venda de armas e munições.
Segundo o portal de estatísticas do comércio externo do Brasil (Comexstat), as exportações brasileiras para Israel somaram US$ 725,1 milhões em 2024, dos quais US$ 1,37 milhão correspondem à venda de armamentos e munições.
Apesar da pressão, o governo brasileiro tem optado por uma postura diplomática e continua apelando à comunidade internacional para uma resposta mais contundente aos conflitos. Assim, o Brasil busca equilibrar suas relações internacionais e sua posição diante das atrocidades que acontecem na cena global.