O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil realiza reunião nesta semana e pode decidir por interromper a alta da taxa Selic, atualmente em 14,75% ao ano, a mais elevada em quase 20 anos. A decisão será comunicada na quarta-feira (18), após as 18h, podendo marcar o fim de um ciclo de elevação de juros iniciado em setembro de 2024.
Mercado acredita na estabilidade dos juros
De acordo com pesquisa do próprio BC, conduzida na semana passada com mais de 130 instituições financeiras, a maioria prevê que a taxa deve permanecer estável na reunião desta semana. Segundo o Itaú, o cenário já admite uma pausa no ciclo de alta, que pode se encerrar em junho, com manutenção em 14,75% ao ano por um período prolongado.
Já bancos como o ABC Brasil projetam um novo aumento de 0,25 ponto percentual, elevando a Selic para 15%, reforçando uma estratégia de credibilidade na luta contra a inflação. “Nossa previsão é de um ajuste final de +25 bps na próxima semana, com estabilidade na taxa até o fim do ano”, afirmou o banco em relatório recente.
Como o BC age no controle da inflação
A taxa básica de juros funciona como principal ferramenta do BC para conter as pressões inflacionárias. O banco atua com base no sistema de metas, buscando manter a inflação dentro de uma faixa previamente estipulada. Para 2025, a meta oficial é de 3%, mas o BC considera a faixa de 1,5% a 4,5% como aceitável, devido às projeções de crescimento.
Desde o início de 2025, com o sistema de meta contínua, o objetivo de 3% será considerado atingido se a inflação estiver entre esses limites. O BC avalia projeções de inflação acima da meta central para os próximos anos, estimando 5,44% para 2025 e 4,5% para 2026, indicando que ainda há espaço para ajustes na política de juros.
Perspectivas e impacto na economia
O BC já reconheceu que a meta de inflação pode ser descumprida novamente em junho, ao ficar acima do teto de 4,5% por seis meses consecutivos. A desaceleração na economia, consequência do juro elevado, faz parte da estratégia de controle inflacionário, e o banco acredita que o ritmo de crescimento deve permanecer mais moderado nos próximos meses.
Na ata de maio, o BC destacou que a economia permanece operando acima do seu potencial de crescimento, o chamado “hiato do produto”, e que o impacto do juro alto se consolidará na geração de empregos e na atividade econômica ao longo do tempo. Segundo o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, “faz sentido manter taxas elevadas por um período mais prolongado”.
Discussões internas e visões do mercado
Indagações sobre a continuidade ou pausa na alta da Selic têm sido intensas entre representantes do mercado financeiro. Além do consenso em interromper a elevação, há expectativas de que o Banco Central sinalize estabilidade em 15% ao menos até o final de 2025.
Em entrevista recente, Galípolo comentou sobre a relação com ex-presidentes do BC, destacando a importância de uma gestão técnica, independentemente de alinhamentos políticos. “Nosso objetivo é manter o Banco Central como uma instituição técnica, focada na estabilidade de preços e na convergência das metas inflacionárias”, afirmou.
A decisão do Copom será decisiva para definir o cenário econômico brasileiro, influenciando juros, inflação e o crescimento do país nos próximos meses.