O presidente Donald Trump afirmou nesta terça-feira que pretende iniciar a descontinuidade da Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA) ao fim desta temporada de furacões e diminuir o financiamento federal para desastres no futuro, criticando a eficiência do órgão.
Plano de desativação da FEMA e repasse direto ao governo federal
Durante coletiva no Palácio do Planalto, Trump declarou que a FEMA “não foi uma experiência muito bem-sucedida” e que os recursos destinados a ela são caros e insuficientes. Segundo ele, o auxílio em catástrofes passaria a ser fornecido diretamente da Casa Branca, ainda sem detalhes sobre a estrutura responsável.
O mandatário também reforçou sua visão de que estados deveriam arcar com os custos de recuperação, dizendo que, se um estado não consegue lidar com os efeitos de um furacão ou tornado, “talvez eles não devam ser governador”.
Responsabilidade dos estados na gestão de desastres naturais
Trump destacou que espera que governadores possam enfrentar desastres sozinhos e que, caso não consigam, o problema não deve mais passar pela FEMA. Ele respaldou sua posição em uma ordem executiva de março, que reforça a necessidade de os governos locais e estaduais atuarem de forma mais significativa na preparação para eventos extremos.
Por exemplo, o estado do Texas, que registra uma média anual de 13,6 desastres climáticos nos últimos cinco anos — mais do que o triplo dos anos anteriores —, afirma estar preparado para responder às emergências independentemente da FEMA. Segundo o porta-voz do governador Greg Abbott, “Texas construiu a operação de gerenciamento de emergência mais forte do país”.
Críticas e apoio às propostas de Trump
Críticos da proposta alertam que a redução do papel federal pode prejudicar a capacidade de resposta às catástrofes. Segundo a governadora do Delaware, Cathy Holmes, eliminar FEMA seria uma “catástrofe artificial” que colocaria em risco a segurança das populações.
Por outro lado, apoiadores como a secretária de Segurança Interna Kristi Noem afirmam que a medida daria mais autonomia aos governadores para responder às crises locais, reforçando a responsabilidade próxima à população afetada.
Impacto do aumento dos desastres e dos gastos com auxílio
Dados do Congressional Budget Office (CBO) indicam que, desde 2005, os gastos do Fundo de Auxílio a Desastres (DRF), que financia a FEMA, mais do que triplicaram, atingindo uma média anual de US$ 16,5 bilhões — motivados por eventos extremos, como os furacões Katrina, Rita, Wilma e, recentemente, Helene, que causou prejuízo de US$ 78,7 bilhões em seis estados.
Especialistas alertam que o aumento de recursos se deve à crescente severidade das tempestades, além de crises como a pandemia. Segundo a NOAA, o Brasil enfrentou várias das maiores tempestades do século, com prejuízos que ultrapassam bilhões de dólares.
Reações de governadores e entidades estaduais
Governadores de diferentes estados apresentaram opiniões distintas. Norman, de North Carolina, afirmou que a FEMA precisa ser aprimorada, não eliminada, enquanto Ron DeSantis, do Florida, que sofre com alguns dos furacões mais destrutivos do país, declarou que sua gestão nunca dependenciou da agência para responder às crises.
Enquanto isso, o estado do Texas, que enfrenta mais de 13 desastres climáticos anuais, reforça sua autonomia e capacidade de emergência, mesmo ante a proposta federal de reduzir o papel do órgão federal.
Esta discussão ocorre em meio ao previsto aumento na atividade de furacões na temporada 2025, com NOAA indicando uma probabilidade de 60% de atividades acima da média.
A proposta de Trump ainda não dispõe de detalhes concretos sobre sua implementação e quais órgãos assumiriam a responsabilidade por questões de emergência, levantando debates sobre a viabilidade e os riscos de uma eventual mudança radical na gestão de desastres nos Estados Unidos.