O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira que começará a “fasear” o fim da Federal Emergency Management Agency (FEMA) ao final da temporada de furacões, priorizando o repasse de recursos de ajuda a desastres diretamente do Gabinete Oval. A medida, que ainda não tem cronograma definido, ocorre após críticas à atuação da agência durante o furacão Helene, que causou prejuízos estimados em US$ 78,7 bilhões em seis estados.
Propostas de Trump para a gestão de desastres
Durante coletiva na Casa Branca, Trump declarou que “a questão da FEMA não tem sido uma experiência bem-sucedida, bastante cara e ineficaz”, destacando a recente resposta ao furacão Helene. Segundo ele, qualquer ajuda federal deverá agora vir diretamente do governo federal, embora ainda não esteja claro qual órgão ou ministério assumirá essa responsabilidade.
O mandatário também reforçou sua visão de que os governadores deveriam cuidar de suas próprias respostas a desastres. “Se um estado, por exemplo, for atingido por um furacão ou tornado, o governador deveria ser capaz de lidar com isso. E se não conseguir, talvez não devesse ser governador”, afirmou.
Impacto na relação entre estados e governo federal
Desde março, Trump assinou uma ordem executiva que exige maior envolvimento de estados e municípios na preparação para desastres, defendendo que eles devem custear parte da recuperação. A postura de Trump provoca reações variadas: enquanto o governador da Flórida, Ron DeSantis, minimizou a importância da FEMA na resposta às crises, o governador da Carolina do Norte, Josh Stein, criticou a proposta, defendendo que a agência deveria ser reparada, não destruída.
DeSantis afirmou que, na Flórida, “nunca confiamos na FEMA para a resposta a emergências”. Já Stein ressaltou que a instituição é fundamental e precisa de melhorias, não de extinção.
Aumento de gastos e críticas às ações da FEMA
Apesar das críticas, os recursos destinados pela FEMA aos estados aumentaram significativamente nos últimos anos. Após o furacão Ian, em 2022, por exemplo, o governo federal investiu mais de US$ 1 bilhão em apoio a Florida. O Fundo de Assistência a Desastres (DRF) triplicou seus gastos desde 2005, período em que furacões devastadores como Katrina marcaram recordes de despesa.
Segundo a Congressional Budget Office (CBO), o gasto médio anual do DRF subiu de aproximadamente US$ 5 bilhões antes de 2005 para cerca de US$ 16,5 bilhões atualmente, impulsionado por eventos climáticos severos e por maior apoio financeiro oficial.
Resistência de lideranças estaduais
Autoridades de diversos estados destacam a importância da FEMA no sistema de resposta a desastres. Kristi Noem, secretária de Segurança Interna, afirmou que eliminar a agência “empoderaria os governadores a responderem às emergências”.
Por sua vez, o governo do Texas, liderado por Greg Abbott, ressaltou estar preparado para qualquer situação — um posicionamento que reflete a maior frequência de desastres na região nos últimos anos, especialmente devido a tentáculos de ciclones tropicais.
Perspectivas e desafios futuros
Especialistas alertam que, apesar das críticas, a extinção da FEMA representaria um risco à capacidade de resposta a desastres nacionais. O aumento no volume e na severidade dos eventos climáticos, incluindo os cinco furacões mais caros da história dos EUA, exigem uma gestão coordenada e eficaz.
A proposta de Trump ainda está em fase inicial, com detalhes sobre a transferência de responsabilidades e o funcionamento das futuras ações de auxílio ainda por serem definidos. Analistas e lideranças estaduais continuam defendendo a necessidade de fortalecer, e não enfraquecer, a estrutura de emergência no país.
Este artigo foi originalmente publicado no HuffPost e acompanha o debate sobre a eficiência das respostas federais às catástrofes naturais nos Estados Unidos.