Na manhã de hoje, a Polícia Federal (PF) deu continuidade às investigações relacionadas ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. As autoridades realizaram buscas em sua residência, localizada em uma área residencial destinada a militares em Brasília, tentando colher provas sobre supostas tentativas de obstrução da Justiça e evasão para o exterior.
Busca na residência de Cid e investigações em curso
A operação contou com o acompanhamento da Polícia do Exército, dada a posição militar de Cid. A PF procura esclarecer se o tenente-coronel teria mantido comunicações indevidas sobre sua delação premiada através de mensagens de texto, conforme reportado pela Revista Veja. As mensagens, que teriam sido trocadas por meio de um perfil no Instagram, mencionam conversas sobre a delação e críticas à condução do inquérito, especialmente ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Durante uma sessão no STF, Cid negou o uso do perfil mencionado e se posicionou sobre o conteúdo das mensagens. No entanto, a situação se complica com a investigação que sugere que ele pode ter tentado obter um passaporte por meio de um ex-ministro, Gilson Machado, que, segundo a PF, poderia ter facilitado sua saída do Brasil.
Suspeitas sobre obtenção de passaporte e obstrução de justiça
Aos jornalistas, Machado explicou que havia contatado o Consulado de Portugal em Recife para tratar de questões familiares, mas essa alegação não convenceu a investigação da PF, que vê a ação como uma tentativa de preparar a evasão de Cid. Indícios sugerem que ele pode ter procurado outras embaixadas ou consulados para obter documentação necessária para deixar o país.
Além disso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) está de olho nas ações de Machado, considerando-as como possíveis obstruções às investigações em curso que envolvem Cid e um suposto esquema golpista. O órgão destacou que as evidências reunidas até o momento indicam uma tentativa de evitar que Cid enfrente a Justiça e as penalizações relacionadas às suas ações.
Mensagens vazadas e impacto na delação premiada
As mensagens atribuídas a Cid contêm críticas contundentes sobre as investigações, sugerindo um suposto comprometimento do STF e afirmando que prazos já teriam sido determinados para ações legais contra Bolsonaro. A existência desses diálogos foi trazida à tona por uma reportagem da revista VEJA, que afirma que essas comunicações foram realizadas entre janeiro e março de 2024.
Na audiência, Cid hesitou ao reconhecer a autenticidade do perfil usado nas conversas e que se relaciona com sua esposa. Essa revelação gerou controvérsias, especialmente considerando o compromisso legal do tenente-coronel em manter sigilo sobre os detalhes de sua colaboração na investigação. Se comprovada a quebra desse sigilo, Cid poderá perder os benefícios legais da delação.
O futuro de Cid e os desdobramentos da investigação
A PF e a PGR ainda precisam aprofundar as apurações, já que tanto Cid quanto Machado negam ter realizado qualquer ação que comprometa as investigações. A busca na casa de Cid não resultou em sua detenção, mas o clima de incerteza sobre seu futuro se intensifica, especialmente levando em conta a pressão da Justiça e as consequências de suas ações.
Com a evolução das audiências e a continuidade das investigações, a situação política e judicial relacionada a Mauro Cid deve se desdobrar nas próximas semanas, aumentando a atenção da mídia e da opinião pública sobre os impactos dessas revelações e as possíveis consequências para ele e outros envolvidos.
Enquanto isso, as investigações sobre a trama golpista e outras apurações que envolvem a administração Bolsonaro continuam em andamento, mantendo a sociedade brasileira atenta aos desdobramentos de um dos capítulos mais conturbados da política recente do país.
