A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou nesta sexta-feira (13) que as perdas não técnicas no setor de distribuição de energia no Brasil totalizaram R$ 10,3 bilhões em 2024. O valor representa um aumento em relação a 2023, quando as perdas somaram R$ 9,97 bilhões, evidenciando um desafio contínuo na gestão da rede elétrica nacional.
Principais responsáveis pelas perdas e distribuidoras afetadas
De acordo com o relatório, apenas duas concessionárias — a Light, do Rio de Janeiro, e a Amazonas Energia, do Amazonas — respondem juntas por 34,1% dessas perdas, conhecidas como “gatos”. As dez maiores distribuidoras concentram 74% do total de perdas não técnicas no país, com fatores como ligações clandestinas, adulterações em medidores e desvios na rede como principais causas.
Essas irregularidades, que ocorrem principalmente na baixa tensão, representam um grande desafio para o setor, dificultando o controle e aumentando os prejuízos. Segundo o documento, o controle na operação de baixa tensão é mais complexo, favorecendo a incidência de fraudes.
Ações regulatórias e impacto nas tarifas
Embora a Aneel não aplique penalidades diretas às distribuidoras que não atingem metas de redução de perdas, ela limita o repasse desses valores às tarifas cobradas dos consumidores. Assim, as concessionárias que não controlam adequadamente as perdas precisam arcar parcialmente com os prejuízos, criando um incentivo para investir em medidas de combate às irregularidades.
No entanto, os consumidores ainda pagam uma parte dessas perdas, já que os níveis considerados “eficientes” de perdas são incorporados às tarifas. Em 2024, esse reconhecimento regulatório correspondeu a R$ 7,1 bilhões, ou cerca de 9,2% da “Parcela B”, que cobre custos operacionais das distribuidoras.
Perdas técnicas e maiores desafios em grandes regiões
As perdas técnicas — aquelas decorrentes de limitações físicas na rede de transmissão e transformação — também tiveram peso importante no orçamento, totalizando aproximadamente R$ 11,2 bilhões no último ano. Essas perdas, consideradas inevitáveis, são calculadas e reconhecidas pela Aneel com base em padrões de eficiência.
O documento destaca ainda que as concessionárias de grande porte, com mercado superior a 700 GWh, concentram quase a totalidade das perdas não técnicas no país, especialmente devido ao tamanho do território atendido e à maior complexidade das redes de distribuição.
Perspectivas futuras
Especialistas alertam que o combate às perdas não técnicas é fundamental para melhorar a eficiência do setor energético e reduzir custos, beneficiando tanto as distribuidoras quanto os consumidores finais. Medidas de fiscalização, modernização das redes e controle de fraudes são apontadas como estratégias prioritárias.
Mais informações podem ser consultadas na reportagem completa no jornal O Globo.